Uma semana para a ministra Dilma

Na lista preferencial do presidente Lula como uma possível candidata do PT ao Paláico do Planato em 2010, a ministra chefe da Casa Civil, Dilma Roussef, terá uma semana ao gosto dela para mostrar eficiência, competência, poder, etc, etc.

Inicia esses sete dias hoje saboreando o embaraço do PMDB e do senador Edison Lobão, daqui a pouco entronizado como um pato manco no Ministério das Minas e Energia. Lobão e seus novos companheiros partidários aplicam suas digitais na pasta carregando já uma espada sobre a cabeça.

Será que estamos inaugurando a era dos ministros-laranja?

O secretário-geral, segundo posto mais importante do Ministério, homem que toca o dia-a-dia da pasta e é o substituto eventual do ministro em suas ausências, Marcio Zimmerman, é pessoa de inteira confiança de Dilma - não teve e não terá nada a ver com Lobão e o PMDB. Os coringas ficarão com ele. Lobão faz o social.

O PMDB, como os jornais de fim de semana registraram, bem que tentou emplacar no lugar o ex-prefeito de São Paulo, Miguel Colassuono, ex-companheiro de Paulo Maluf hoje tesoureiro do PMDB paulista, e ficou apenas na vontade. Insistente, de apetite aguçado, o PMDB pode ter feito uma concessão "tática" para tentar ganhar lá na frente. Fez um lance de alto risco.

Há pelo menos 15 postos de valor nas estatais subordinadas ao Minas e Energia - e o PMDB sonha em ficar com a maior parte deles, à exceção da Petrobrás, onde se dará por satisfeito se emplacar o diretor internacional. Não é um filão desprezível; essas estatais prevêm investir R$ 56 bilhões este ano.

Vão ser novos e duros embates: a ministra deverá dar o aval pessoalmente a cada um dos nomes apresentados pelo PMDB. E há ainda as pressões do PT, partido da ministra e que ocupa a maioria dos lugares pretendidos pelos peemedebistas. Para enfraquecer a ministra, o PMDB fala mal dela, nos bastidores. Por esse caminho, pelo menos por enquanto, tem poucas chances de ser bem sucedido.

No governo, a vez é de Dilma Roussef. E somente dela. Quem trombar com ela pode se esborrachar.

Aliás, como se poderá ver na primeira reunião ministeral de 2008, marcada para depois de amanhã, quarta-feira. Na ocasião, o presidente Lula abrirá espaço no palco para a ministra chefe da Casa Civil, condestável do ministério desde a saíde de José Dirceu, fazer o balanço de um ano do Programa de Aceleração Econômica (PAC).

Ao que se informa em Brasília, será uma apresentação excepcional. As agências de publicidade que trabalham para o governo foram acionadas para ajudar a preparar a mostra. Além dos tradicionais slides em power point, deverão ser mostrados filmes para mostrar o estágio das obras em apoio ao que Dilma dirá.

Dilma faturará o PAC. Se sobrar alguma crítica, será para os ministros que não tiverem executado tudo que tinham de fazer. Há ciúmes no ar do Planalto, todos sufocados no momento. Os peemedebistas estão inquietos com tanto prestígio de uma pessoa só. Mas não somente eles.

Fonte: José Marcio Mendonça - Estadão