O valor de um voto - Pedro Soares Neto

O voto é o exercício pleno da condição de cidadão no Estado Democrático, por onde cada indivíduo apto ao exercício dos seus direitos políticos se apresenta para escolher quem vai gerir a coisa pública (no Poder Executivo) e quem vai representá-lo (no Poder Legislativo), tomando as decisões em seu nome. É uma liberdade (ou liberalidade) do Estado ao cidadão para tomar parte das decisões que são atinentes a toda sociedade. Quer dizer, é uma responsabilidade, uma grande responsabilidade por sinal, vez que depende do voto todas as decisões que dizem a vida de todos os seus cidadãos, na individualidade e no coletivo.

Na vida, tem coisas que não há preço. A liberdade é uma delas. Nada há que pague o direito de ir e vir, de se expressar, de escolher e fazer o quem bem entender com a vida, claro de dentro do permitido no Estado de Direito e de acordo com os valores que comunga. O mesmo pode-se dizer em relação à consciência. Dinheiro nenhum paga a paz que pode reinar a uma mente tranqüila, que vive a sua verdade e faz o que o coração manda, que tenta conciliar a emoção com a razão.

Pois bem, quem se vende, que barganha o seu direito de escolha, o livre exercício da cidadania, vale quanto recebe em troca do voto. É uma alma desmerecida, um cidadão de segunda categoria, que compromete a qualidade da sua representatividade e o peso da escolha coletiva. Até porque, convenhamos, o candidato que se comporta assim, que se vale de subterfúgios para atingir o poder, também peca pela falta de idoneidade moral. É um postulante que venderia o pai e a mãe para conquistar o poder. Do mesmo modo, no exercício do poder, teria atitudes semelhantes, é o tipo de representante que aparece na mídia devido ao comportamento nada recomendável.

Retomando o título, o valor de um voto é imensurável. É o preço da consciência, é do tamanho da sua liberdade de escolha. É a decisão que pode influenciar no rumo que vai tomar o lugar onde você mora, a qualidade dos serviços prestados, a infra-estrutura, a qualidade de vida, etc. Então, não é uma cesta básica, uma consulta ou receita médica, uma dentadura, uma passagem, alguns trocados ou favor o que vale efetivamente o seu voto.

A responsabilidade de cada um é grande. Tem o peso dos seus sonhos, as suas aspirações, os desejos materiais e até espirituais, vez que nessa classificação se pode colocar tudo o que não se pode ver ou pegar, que são atributos da alma, razão da busca de todos nós, valores que nos colocam em um plano maior.

É por isso que a sociedade civil organizada, as pessoas de bem, as religiões e todos aqueles que sonham com uma sociedade melhor tem insistido que o voto não se vende. As propagandas e as manifestações pretendem atingir um amadurecimento político que filtre da vida pública aqueles que não fazem jus à confiança popular. Um cidadão consciente é alguém que exerce permanentemente os seus direitos e cumpre com os seus deveres. É o que se busca e o que todos esperamos. Dia 05 de outubro é uma oportunidade a mais para reescrevermos a história política de nossos municípios, esperando que os reflexos incidam noutras instâncias de poder e também nas eleições que virão.

Esse é o valor de um voto.

PEDRO SOARES NETO é poeta e colaborador deste blog.
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