Ex-secretário de Estado chegou à Capital na tarde de ontem em um voo comercial. Ainda não há previsão de quanto tempo ele permanecerá no Estado
Após mais de dois meses preso, o ex-secretário de Estado Eder Moraes (PMDB) retornou à Capital nesta quarta-feira (23) em um voo comercial. O peemedebista participará de duas audiências do primeiro processo penal fruto da operação Ararath.
Nas duas sessões, serão ouvidas testemunhas de defesa. A primeira audiência acontece na tarde de hoje, na sede da Justiça Federal. Outras três sessões semelhantes também estão marcadas para ocorrer nos dias 25 e 31 deste mês e 1º de agosto.
Ainda não há a informação se Eder retornará para Brasília, onde estava detido, na sexta-feira (25), ou se permanecerá em Mato Grosso durante toda a próxima semana, até a última audiência agendada.
O ex-secretário chegou a Cuiabá por volta das 17h30 e foi levado direto para o Instituto Médico Legal (IML), onde passou por exame de corpo de delito. Ele ficará detido na sede da Polinter, onde também está preso o ex-deputado federal Pedro Henry (PP), condenado no processo do Mensalão.
A defesa de Eder arrolou o senador Blairo Maggi (PR) e o governador Silval Barbosa (PMDB) como testemunhas, mas o juiz federal da Quinta Vara, Jeferson Schneider, dispensou o chefe do Executivo estadual.
O magistrado acatou o argumento da defesa de Silval de que, mesmo se comparecesse à audiência, o governador permaneceria calado, tendo em vista que também é investigado na operação Ararath e, por isso, tem o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo ou depor sobre fatos que possam incriminá-lo.
De acordo com um dos advogados de Eder, Fábio Lessa, a tendência é de que a Justiça Federal também dispense o senador Blairo Maggi. O motivo seria o fato de ele possuir foro privilegiado.
Além de Silval e Maggi, Eder arrolou como testemunhas o ex-secretário estadual de Planejamento, Arnaldo Alves, o ex-auditor-geral do Estado, José Gonçalves Botelho do Prado, e dois gerentes do Bic Banco.
Eder Moraes foi preso em 20 de maio durante a quinta fase da operação Ararath. Ele é considerado um dos principais articuladores do esquema de lavagem de dinheiro e crimes contra o sistema financeiro que funcionava em Mato Grosso.
Dentre todos os investigados, o peemedebista é o único que permanece preso. Ele tem sido mantido no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
Sua defesa já ingressou com quatro pedidos de relaxamento de prisão que foram negados pela Justiça. Existem ainda dois pedidos de habeas corpus pendentes de julgamento. Um está sob análise do desembargador Mário César Ribeiro, do Tribunal Regional Federal, que pode emitir decisão a qualquer momento. Outro aguarda decisão do pleno do Supremo Tribunal Federal (STF).
DELAÇÃO PREMIADA – A expectativa é de que sejam ofertados ao ex-secretário os benefícios de delação premiada para que ele colabore com as possíveis outras fases da operação Ararath. Desde o início das investigações, no entanto, essa possibilidade é cogitada.
KAMILA ARRUDA
Da Reportagem