SEM RESPALDO - Geller será substituído no Ministério

Neri Geller (PMDB) assumiu o Ministério 
da Agricultura em março deste ano
A presidente Dilma Rousseff (PT) oficializou o convite à senadora Kátia Abreu (PMDB-TO), que tem apoio da cúpula nacional do PMDB

A presidente Dilma Rousseff (PT) bateu o martelo e o ministro da Agricultura Neri Geller (PMDB) deixará o primeiro escalão do governo a partir do próximo ano. 

A petista convidou a senadora Kátia Abreu (PMDB-TO) para substituí-lo no comando da Pasta. 

Com a indicação de Kátia Abreu para comandar a Agricultura, a presidente Dilma atende a uma reivindicação da bancada do PMDB no Congresso Nacional. 

Desde a indicação de Neri a bancada peemedebista não se via representada no Ministério. Os congressistas chegaram a reclamar que o fato de Neri ser do PMDB era apenas uma mera coincidência. Isso porque ele não teria tradição dentro da legenda. 

A queda de Neri foi decretada na última quarta-feira (19) quando a presidente convidou Kátia para assumir o Ministério da Agricultura. Apesar de ter sido opositora aos mandatos do ex-presidente Lula (PT), a peemedebista mantém boa relação com Dilma e foi uma das poucas personalidades ligadas ao agronegócio a participar da campanha da petista na TV. 

O anúncio oficial ainda não foi feito pela presidente. Mas, ambientalistas já fazem campanha na internet contra a indicação de Kátia. 

No site Avaaz.org uma petição online já contava com quase 10 mil assinaturas contra a nomeação da peemedebista. 

SEM REPRESENTATIVIDADE – Com a saída de Neri Geller do primeiro escalão do governo, Mato Grosso passa a ficar sem representatividade entre os ministros de Estado. 

O peemedebista foi o quinto oriundo de Mato Grosso a assumir o comando de um Ministério no governo federal. 

Apesar de ser gaúcho, Neri veio para Mato Grosso, mais precisamente para Lucas do Rio Verde, quando na região só existiam assentamentos. Começou como agricultor familiar até se tornar um grande produtor. 

Antes de Neri, apenas quatro mato-grossenses haviam comandado um ministério no governo federal. O primeiro foi Joaquim Murtinho, ministro da Viação, Indústria e Comércio em 1897, durante a gestão de Prudente de Moraes. 

Em seguida, voltou a compor o primeiro escalão do governo, desta vez, em substituição a Rui Barbosa, no comando do Ministério da Fazenda, no governo de Campos Sales. 

O segundo ministro foi Eurico Gaspar Dutra, que assumiu em 1935 o Ministério da Guerra, hoje da Defesa. Mais tarde, foi eleito presidente da República. 

Roberto Campos foi o terceiro de Mato Grosso a comandar uma Pasta na esfera federal. 

Depois de apoiar o Golpe Militar de 64, Campos foi escolhido como ministro do Planejamento do governo de Castelo Branco. Em seguida, foi eleito senador pelo Estado. 

Já em 1986, Dante de Oliveira se afastou do cargo de prefeito de Cuiabá para se tornar ministro da Reforma Agrária, durante a gestão de José Sarney (PMDB), tornando-se o quarto ministro oriundo de Mato Grosso. 

TRANSPORTES – A presidente ganhou a eleição usando o mote de “governo novo, ideias novas” e deve substituir boa parte dos seus ministros. 

Na lista dos que podem assumir o comando de uma Pasta está o deputado federal e senador eleito, Wellington Fagundes (PR). 

O partido dele comanda do Ministério dos Transportes e a atuação do republicano no pleito deste ano em favor de Dilma teria o credenciado a assumir a vaga no lugar de Paulo Sérgio Passos. Wellington já disse que deve cumprir o mandato de senador. 

A reportagem entrou em contato com o ministro Neri Geller para comentar o caso, mas ele não atendeu e não retornou as ligações até o fechamento desta edição. 

THIAGO ANDRADE
Da Reportagem Diário de Cuiabá