ESTUDO - Conclusão do VLT custará R$ 1 bi a mais

O professor Luiz Miguel de Miranda disse ainda à CPI, que o estudo aponta que o melhor modal de transporte para Cuiabá e Várzea Grande seria o BRT

Um estudo da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) concluiu que ainda serão necessários R$ 1 bilhão para que as obras do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) sejam finalizadas. Para o professor Luiz Miguel de Miranda, autor do estudo, não é possível terminar o modal com o valor já empregado até agora, pois a construção por quilômetro custa R$ 63 milhões. 

Além disso, a tese de Miranda, defendida em um mestrado, analisa a necessidade de implantação do VLT em Cuiabá e Várzea Grande e demonstra que o modal que melhor atenderia os municípios seria o Bus Rapid Transit (BRT), a um custo muito inferior do VLT. 

Para o professor, que prestou depoimento ontem pela manhã na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Obras da Copa, a administração estadual agiu com soberba e faltou interesse na gestão em realizar as obras. 


Além dele, o gerente executivo do setor de governo da Caixa Econômica Federal, Manoel Tereza Pereira dos Santos, também foi ouvido na sessão. Os parlamentares constataram divergências de informações quanto ao depoimento anterior do superintendente da instituição em Mato Grosso, Carlos Roberto Pereira. 

Para o presidente da CPI, Oscar Bezerra (PSB), algumas informações prestadas serviram para cobrirem falhas do testemunho do superintendente. Vale destacar que com 73% das obras do VLT concluídas, 71% do pagamento total já foi efetuado, ou seja, de R$ 1,150 bilhão a empresa responsável recebeu R$ 1,066 bilhão. O restante corresponderia ao valor de desoneração tributária do Estado diante da contrapartida de R$ 68 milhões. 

O gerente destacou que o governo não cumpriu a contento com as suas obrigações de pagamento, o que causou um descasamento entre o financiamento da Caixa e a contrapartida do Estado. Ele explicou ainda que as medições eram enviadas pelas Secopa à Caixa, que para a liberação do pagamento enviava os engenheiros para realizar a inspeção apenas visual, pois a instituição não conta com quadro especializado das diversas áreas da engenharia necessárias para a implantação da obra. 

Manoel Tereza afirmou ainda que não constatou sobrepreço, mas destacou que a Caixa não teria como aferir todos os valores contratados. Já sobre os atrasos nas obras, o gerente observou que não foi cumprido o cronograma apresentado pela Secopa e o governo foi questionado pela instituição que chegou a propor um plano de arranque com a vinda de trabalhadores de outros estados para compor a equipe do VLT e acelerar o andamento, com uma grande frente de trabalho, mas o governo garantiu a conclusão no prazo de 12 de junho de 2014. 

Na próxima terça-feira (5) o ex-deputado José Riva (PSD) deverá comparecer à CPI da Copa para prestar esclarecimento sobre o motivo para a troca do modal. Ele teria sido um dos responsáveis por convencer o governo a construir o VLT, na época chegou trazer empresas de Portugal para referendar a construção deste modelo de transporte. Ele está preso desde 21 de fevereiro e deverá ser escoltado até Assembleia Legislativa para oitiva. 

ALLINE MARQUES
Da Reportagem Diário de Cuiabá