TRANSPORTE - VLT custa R$ 37 mi anuais

Governo do Estado apresentou relatório de viabilidade econômico-financeira do VLT, cuja obra será retomada

Depois de quase dois anos paralisada, a obra do Veículo Leve Sobre Trilhos em Cuiabá e Várzea Grande, que deveria ser entregue para a Copa do Mundo de 2014, deve ser retomada ainda este ano. Pelo menos esta é a expectativa do Consórcio VLT, que se reúne na próxima semana com o Governo do Estado para debater sobre o assunto. 

O governo já garantiu que as negociações com o Consórcio estão em andamento para chegar a uma solução para ambas as partes. Para colocar o modal em operação serão necessários, segundo o governo, ao menos 19 meses de obras. Desta forma, se iniciado este ano, o VLT deve entrar em operação entre o fim do ano de 2017 e início de 2018. Vale ressaltar que as obras já custaram mais de R$ 1 bilhão aos cofres públicos. 

Para a conclusão da obra, serão necessários pelo menos mais R$ 600 milhões; no entanto, o Consórcio VLT exige quase o dobro do valor. Na quinta-feira (06) o governo apresentou os dois últimos relatórios da consultoria do modal. Os estudos mostram a operação do VLT e a análise financeira da obra. Na auditoria final da KPMG – empresa responsável pelo estudo – foi constatado que o Estado terá que arcar com R$ 37 milhões anuais para subsidiar a operação do modal. O valor é referente a um aporte de R$ 1,36 na tarifa, por passageiro; isso para garantir a integração entre os sistemas de transporte. 

Para o cálculo foram utilizados dados da tarifa atual do transporte, de R$ 3,60. Somados os valores, até o ano de 2047 daria, segundo secretário de Estado de Cidades, Eduardo Chiletto, para construir 180 mil moradias. 

Para que o VLT funcione, a projeção dos estudos apontou que sejam necessários R$ 84,7 milhões por ano. Desse total, R$ 51,2 milhões viriam da tarifa, de modo que o valor restante seria subsidiado pelo governo. A intenção do governo é firmar uma Parceria Público-Privada (PPP) para operar o modal. Considerando uma estimativa de mercado de 7% de lucro, a empresa ganharia R$ 5,7 milhões anuais. 

“Quando assumimos o governo, tínhamos muitas dúvidas em relação ao modal. Agora, com o estudo, podemos discutir com prefeituras como conseguiremos recursos públicos para terminar a obra. O governo está sensível ao apelo da sociedade quanto à definição da obra, mas não poderíamos fazer nada sem embasamento técnico”, afirmou o secretário de Assuntos Estratégicos, Gustavo Oliveira. 

A auditoria apontou ainda que nove vagões foram comprados a mais do que o necessário para a operação. Baseado em valores de 2012, se não fossem comprados, os nove vagões trariam uma economia de R$ 128 milhões aos cofres públicos. Quanto a isso, o secretário de Cidades afirmou que uma negociação está sendo feita com o Ministério de Cidades, no sentido de dar uma destinação aos materiais. 

Quanto ao atraso das obras, o relatório apontou que 68% do atraso foi culpa do Governo e 32% do Consórcio VLT. O controlador-geral do Estado, Ciro Gonçalves, afirmou que atitudes estão sendo tomadas no sentido de punir os culpados. Por parte do governo existem processos administrativos disciplinares que os acusados estão respondendo. Existe ainda uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público para reparação dos danos à sociedade, num valor de R$ 150 milhões. 

Na próxima semana, o Governo do Estado deve apresentar à Assembleia Legislativa o Plano Preliminar de Ação. Nele, o governo traça as estratégias como operação, obras e até mesmo se o Consórcio VLT não retomar as obras, a necessidade de uma licitação. Mas o governo já sinalizou que as obras devem, sim, ser concluídas.

Fonte: Aline Almeida 
Reportagem Diário de Cuiabá