BOI GORDO - Medidas anticrise fazem mercado reagir

Depois de quase seis meses de desvalorização da arroba, preço vem reagindo e em algumas regiões de MT

Impactos positivos de uma série de ações em favor da pecuária mato-grossense, aliada à entressafra, começam a ser contabilizados com a valorização da arroba
Um conjunto de fatores positivos começa a mostrar efeitos no mercado do boi gordo. Depois de quase seis meses de desvalorização da arroba, nas últimas semanas o preço vem reagindo e em algumas regiões de Mato Grosso chega a ser cotado em R$ 125 a arroba para pagamento em 30 dias. Em Cuiabá, a arroba foi cotada a R$ 121 nesta semana, 5% a mais que os R$ 115 registrados em meados do mês passado. 

A Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat) e pesquisadores creditam a alta dos preços à chamada entressafra do boi, à reabertura de plantas e ao efeito da redução do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de 9% para 4% para o abate em outros estados. 

O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), que faz levantamento de preços diariamente, divulgou nota sobre a alta registrada em todas as praças do instituto, com exceção somente do Rio Grande do Sul. Em Mato Grosso, o indicador Cepea para Cuiabá aponta a arroba a R$ 120,37 à vista e R$ 121,30 para pagamento em 30 dias. Em Cáceres, o indicador é de R$ 121,50 à vista e R$ 122,45 a prazo. 

A pesquisadora Mariane Crespolini explica que 90% dos abates no país são provenientes de engorda a pasto e que a estiagem reduziu a oferta de animais. “Com a intensificação da seca praticamente não há animais disponíveis. Além disso, a principal indústria retomou as compras e houve reabertura de plantas frigoríficas. Tudo isso contribui para aumento dos preços”. 

IMPACTO - O representante regional da Acrimat, em Vila Bela da Santíssima Trindade, Cristiano Alvarenga acredita que o Estado ainda tem mais um fator que contribuiu para esta leve recuperação, que foi a redução da alíquota do ICMS para o abate de boi gordo em outros estados. “A reabertura de plantas é positiva, mas o fator mais importante foi a possibilidade de abate em outras regiões, uma vez que as indústrias de outros estados estão procurando nosso produto”. 

Na região do Araguaia, a representante da Acrimat, Teia Fava, também revela que a possibilidade de abate em Goiás, por exemplo, valorizou o mercado local. “Recebi uma oferta semana passada e outra um pouco melhor esta semana e justamente para enviar para uma unidade de Goiás. Mesmo com o desconto do ICMS, que agora está menor, o negócio será mais vantajoso”. 

Outra região que registrou reação no mercado é a chamada Vale do Jauru, onde estão os municípios de Araputanga, São José dos Quatro Marcos e Mirassol D’ Oeste, este último que há quase 30 dias conta com mais uma unidade frigorífica reaberta. O presidente do Sindicato Rural de Quatro Marcos, Alessandro Casado, afirma que com a concorrência os preços pagos ao produtor melhoraram. 

“Antes havia apenas um grupo atuando em toda região. Agora temos duas indústrias, uma aqui em Mirassol e um escritório foi aberto em Barra do Bugres. Isso movimentou o mercado e os preços reagiram”, afirma Casado. 

Diretores da Acrimat - entidade que representa os criadores de gado de corte no Estado – lembram que desde o início das crises vivenciadas pelo setor, e até antes delas, já buscava soluções para reduzir os impactos ao pecuarista. Entre as reivindicações, estava justamente a redução da alíquota do ICMS, conquistada pela primeira vez em março, quando o governo estadual anunciou que não haveria aumento como era previsto, e depois em julho, quando o governo se sensibilizou com o setor e reduziu a alíquota de 9% para 4%. 

“Esta medida e a adesão ao Sisbi, mostraram o compromisso do governo com o setor da carne. Mato Grosso possui o maior rebanho comercial de bovino, é um dos principais exportadores de carne e a desvalorização do mercado tem impactos diretos na economia de grande parte dos municípios”, explica o diretor-executivo da Acrimat, Luciano Vacari. 

SISBI-POA - No último dia 7, o Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso (Indea/MT) assinou um convênio com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para aderir ao Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal (SISBI-POA), que faz parte do Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Agropecuária (SUASA). Com isso, as indústrias regionais que solicitarem a certificação poderão comercializar seus produtos em todo o território nacional, o que deverá aumentar a demanda pela carne mato-grossense e fortalecer as pequenas e médias indústrias. 

Da Editoria Diário de Cuiabá