Entusiasta de tecnologia, cuiabano abandona cargo público e ganha prêmios pelo mundo

Somente no final de abril, Cezar Macegoza e dois amigos ganharam dois prêmios da área de tecnologia

Passar em um concurso público é o sonho de muitos brasileiros, mas Cezar Macegoza, 29 anos, foi um caso à parte. Concursado no antigo Cepromat, hoje MTI, ele trabalhava na Secretaria do Estado de Fazenda quando desistiu da carreira pública e, junto a dois amigos, investiu no que realmente acreditava e o fazia feliz: a tecnologia.

A ideia deu mais do que certo, somente este ano, Cézar – junto aos amigos Izandro Monteiro Metello, 28 anos, e Fernando Augusto Zamperin, 27 anos, – já ganhou dois prêmios na área tecnológica, o Prêmio de Inovação Engie Brasil e o Hackathon.

Cuiabano, formado em ciências da computação pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e especialista em engenharia de sistemas web, Cezar ainda fez um MBI de gestão de negócios pelo Ibmec do Rio de Janeiro. Depois de formado, assumiu a área de tecnologia de uma multinacional na área de energia e quando voltou para a Capital mato-grossense entrou no setor público.

“Não pretendia ficar no setor público, mas como eu já estava, a ideia era tentar, pelo menos enquanto estivesse ali, fazer com que aquele lugar se tornasse melhor do que quando a gente chegou lá. Mas, infelizmente, devido à burocracia, devido a estagnação mesmo do ambiente setor público, cheguei ao ponto de sair mesmo, porque isso estava até barrando alguns sonhos possíveis”, contou Cezar.

Ele foi concursado por três anos e uma semana e não se arrepende de ter saído. “Só me arrependo de ter entrado”, disse ele, afirmando que por não haver espaço para inovação no setor público, sentia que sua qualidade, e dos amigos, estava sendo desperdiçada.

“Então a gente tomou a decisão de empreender fazendo o que é tecnologia realmente, útil, que faça diferença na vida das pessoas. Porque o Brasil já é atrasado na parte de tecnologia, se a gente não tentar ajudar a avançar, vai continuar mais atrasado ainda, então a gente tem feito esse papel”, afirmou o cuiabano.

Ele e os sócios Izandro e Fernando seguiram o sonho de trabalhar com tecnologia, empreenderam e alcançaram o sucesso.

“Ajudamos as empresas a ganhar mais dinheiro, tecnologia que seja útil mesmo e que tenha valor agregado. E aí a gente foi premiado e eu estou indo para Paris daqui a 20 dias, para participar da maior feira da França de tecnologia, startup e inovação”, disse Cezar.
O projeto dos três entusiastas de tecnologia, vencedor do Prêmio de Inovação Engie Brasil, é na área de estudo energético, voltado para a redução de consumo em residências. Cézar contou que eles criaram, dentro da empresa, através da tecnologia estratégica, uma forma para que a pessoa tenha consciência de seu consumo de energia elétrica e consiga economizar.

Hackathon

O outro prêmio, o Hackathon, foi criado pela rede Globo para resolver soluções tecnológicas pensando no futuro da mídia e do entretenimento.

“E esse evento já é o quarto. Ele ocorre todo ano na casa do Big Brother, logo após o término do Big Brother Brasil. Eu fui o primeiro mato-grossense a participar. Nunca teve nenhum participante de Mato Grosso”, contou o cuiabano.

Nesse projeto vencedor, Cézar e os amigos criaram um aplicativo, o Fanáticos, que une o tempo real do futebol, com o aplicativo Cartola, de uma forma que, como o mesmo explicou em sua apresentação (veja vídeo a seguir), até facilita que você zoe seu amigo que está perdendo para seu time no Cartola.


A ideia surgiu depois do início do Hackathon. Quando o concurso é lançado, a Rede Globo expõe os problemas tecnológicos da empresa – este ano tiveram representantes da área do esporte, do G1, do Gshow e do Criança Esperança – e os participantes escolhem uma área para desenvolver uma solução.

A princípio, eles pensaram em trabalhar algo voltado para stream de vídeo (transmissão ao vivo), e, conversando com os especialistas da Globo, chamados dentro do concurso de mentores, optaram por aplicar a ideia no esporte. E, se ela desse certo, aplicariam para outras áreas.

“A solução do tempo real hoje que eles têm, fica narrando em forma de texto os acontecimentos – não só do esporte. Ela é a aplicação mais vista da Globo. Então a gente decidiu focar no tempo real, tentando trazer alguma solução para o tempo real. Aí, conhecendo o Cartola também, a gente decidiu unir as duas soluções e trazer algo um pouco mais útil e agradável para os usuários do esporte da Globo”, contou Cezar.

Apaixonados por futebol, os três desbancaram outros 13 grupos, um total de 52 pessoas, com uma ideia que faz com que você acompanhe os resultados do seu time do coração, sem perder nenhum detalhe do desempenho do seu time no Cartola.

“Tinha pessoas bem qualificadas, com colocação na Ambev, na Impaer, até de fora do país teve, então foi um concurso de altíssima qualidade envolvido na área da tecnologia mesmo”.
Foto: Richard Duchatsch Johansen/ Globo


A competição aconteceu nos dias 28 e 29 de abril. Eles ficaram 33 horas dentro da casa do Big Brother Brasil, sendo vigiados por centenas de câmeras.

“Isso me trouxe a decisão de não concorrer de jeito nenhum ao Big Brother. Uma coisa é você entrar na câmera em um estúdio e sair. A outra é ficar a todo momento, todas as suas atitudes sendo filmadas, tudo que você faz as pessoas mandam um whatsapp falando ‘oh, te vi na TV fazendo tal coisa’, é uma sensação estranha”, disse Cezar aos risos. “Foi uma experiência impactante”.

As imagens se tornaram uma matéria no Zero 1, programa voltado ao público nerd apresentado por Tiago Leifert, E os participantes também passaram por uma experiência para o programa Bem Estar, a matéria deverá ir ao ar no dia 18 de maio.

Como prêmio, os três amigos ganharam, além do troféu, uma viagem para São Francisco (EUA), que deverá acontecer entre outubro e novembro, onde participação de um programa com empresas de tecnologia.
Foto: Tatiana Regadas/G1

Ele contou que startups de Cuiabá estão ganhando destaque no meio da tecnologia. Como exemplo, Cezar citou o estuda.com, projeto cuiabano da área de educação, que atualmente tem uma base de usuários de mais de 1 milhão de pessoas.

“Hoje mesmo, a gente tem uma outra pessoa daqui que está fora do país, que é o Álvaro, que também trabalha na área de tecnologia. E ele, através de um convite do Google, está participando do maior evento de tecnologia do Google, que é em São Francisco (EUA)”, lembrou Cezar.

“Então assim, são pessoas que podem até ajudar a inspirar outras, não só a minha história. É importante a gente mostrar que existem outros caminhos para quem deseja seguir esse ramo”, finalizou.

Fonte: Karina Cabral - Olivre