MUDANÇA DE HÁBITOS - Veganos e vegetarianos fazem do estilo de vida uma fonte de renda

Em Cuiabá, é possível encontrar antigos e novos adeptos que fizeram ou começam a transformar o estilo de vida em renda e sustento

Veganismo e vegetarianismo, dois estilos de alimentar baseados no consumo de produtos de origem vegetal que a cada dia ganha mais adeptos no mundo.

Mas, saberia dizer, em poucas palavras e de maneira simplificada, em que uma se difere da outra?

Então, o vegano, por escolha e em defesa dos animais, consome vegetais e recusa tudo aquilo cujo processo de produção possa representar sofrimento em algum animal, incluindo alimentos, roupas, calçados...

Também não compra mercadorias por sistema de produção ou fabricação que denote exploração de mão de obra infantil, escrava, entre outras formas degradantes.

Já o vegetariano fez a escolha dos vegetais, grãos, entre outros, mas até admite em suas refeições alguns derivados de origem animal, como o mel, ovos, leite e queijos.

Nesse meio, sem razões específicas, ainda há aquelas pessoas que não fizeram essas escolhas, porém desde que nasceram rejeitam alimentos de origem animal.

Em Cuiabá, é possível encontrar antigos e novos adeptos do veganismo e do vegetarianismo que fizeram ou estão começando a transformar o estilo de vida em renda e sustento. 

É o caso da estudante Mariana Cardoso, 21 anos, que aderiu ao vegetarianismo aos 12 anos.

Na época, conta, assistiu a um documentário sobre o abate de animais para a indústria que a chocou. Desde então, não come carnes.

Até um ano atrás, ela se considerava ovolactovegetariana, ou seja, consumia vegetais e admitia em suas refeições os ovos, leites e queijos. Agora, por uma escolha de amor aos animais, Mariana se tornou vegana. Ou seja, nada de origem animal entra no seu cardápio e ela ainda integra movimentos de defesa dos bichos.

Não usa calçados, bolsas e outros produtos de couro, por exemplo, além de rechaçar os rodeios, touradas e outras formas de exploração animal vistas por muitos como prática esportiva e lazer.

Mais recentemente, há alguns meses, depois de perder o emprego em um shopping, Mariana começou a produzir alimentos veganos.

Ela faz salgados, bolos de pote e uma vez por mês ela planeja a "NoitVê", com pizzas vegana, com serviço delivery, assim como dos salgados. A primeira "NotiVê" ocorrerá no dia 13 de setembro.

Mariana também está deixando a faculdade de Serviço Social para fazer Gastronomia (Mariana - 65 99988-7572).

Já Zenir de Moura, 56 anos, tem a vida pautada no vegetarianismo desde os 18.

Em 2004, ela abriu em Cuiabá o restaurante Ki Nutri. Zenir não se considera vegana e aplica o mesmo ao seu empreendimento.

Isso por que, segundo ela, em seu restaurante ainda utiliza o mel, produto de origem animal presente.

Não fosse a pandemia, a proprietária e chefe de cozinha do Ki Nutri poderia dizer que seu restaurante segue de "vento em popa", como nesses 16 anos de mercado.

Todavia, depois de quatro meses fechado, período em que funcionou no sistema delivery, o estabelecimento reabriu timidamente, ela recorda que na fase crítica da pandemia operou com menos de 15% da capacidade e ainda se viu obrigada a demitir seis funcionários.

"O que fazemos é futurista, porém precisa de dinheiro", avalia, enquanto reclama do que fizerem com o mundo, especialmente com a chegada da pandemia que, segundo ela, foi introduzida pela china.

Adventista, Zenir observa que sua religião ensina a ser o mais natural possível, a não consumir carnes de origem animal. Todavia, diz, na família em que nasceu, no pantanal mato-grossense, não se sabia cozinhar sem carne.

Não foi fácil, mas ela persistiu e não somente se manteve no vegetarianismo como pesquisou e criou uma diversidade de pratos à base de vegetais.

No restaurante dela são dezenas de combinações, incluindo 8 pratos quentes e 10 de saladas.

Lá tem até feijoada às quartas-feiras, prato que têm, claro, o feijão, e proteínas do trigo, abóbora cabotiã, berinjela, entre outros ingredientes ( Ki Nutri – 65 3321-3540). 

"NÃO GOSTA DE CARNE" - Desde que nasceu, a pequena Alice não aceita alimentos de origem animal. 

A pequena Alice Dolina, de apenas 5 anos, desde os 9 meses, rejeita alimentos de origem animal.

A mãe, Jandi Dolina, se recorda que a filha, com um ano e um mês, balbuciando as primeiras palavras, lhe disse "não gosta de carne, mamãe", em resposta à presença do produto em seu prato.

Aos dois anos, quando insistiu, durante o jantar em um restaurante, que a pequena comece peixe, a menina passou longos minutos com o alimento na boca, sem conseguir engolir, até que ouviu que poderia por para fora.

Desde então, Jandi lançou mão, ainda mais, da criatividade para atender as necessidades nutricionais da filha, sem que para isso tivesse que introduzir produtos de origem animal no cardápio.

Qualquer deslize, como temperar o feijão com banha de porco, a pequena Alice percebe o gosto e reclama: "não quero, mamãe, tem gosto de carne".

Gaúcha por nascimento e amante de massas, Jandi aprendeu a fazer macarrão, um dos pratos preferidos da filha. Ela enriquece as massas com abóbora, beterraba, espinafre, ervas finas, entre outros.

Alice, por exemplo, gosta de macarrão ao molho pesto de manjericão com ora-pro-nóbis, uma planta rica em proteínas popularmente chamada de 'carne dos pobres'.

Agora, o que Jandi fazia para a filha e familiares virou negócio.

Ela criou a 'Due Mamma' e vem fabricando e comercializado as massas que já faziam sucesso com a filha Alice e os não vegetarianos também, os parentes, amigos e vizinhos (Due Mamma 65 98173-0130).

Fonte: ALECY ALVES - Redação Diário de Cuiabá