“CHIP DA BELEZA” - Especialista defende que implantes hormonais devem ser prescritos com cautela

Uso indiscriminado da gestrinona provocou posicionamento da SBEM

Os efeitos positivos do implante hormonal de gestrinona alcançaram o patamar de tratamento estético. Popularmente conhecido como “chip da beleza”, o medicamento é comumente utilizado há quatro décadas para tratar condições ginecológicas como endometriose e miomas. Mas nos últimos anos tem sido bastante procurado para fins estéticos.

O resultado é que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) precisou marcar um posicionamento forte para tentar barrar as prescrições sem fundamento aos pacientes. Porém, a utilização dele ainda é defendida por especialistas que reconhecem os seus atrativos, mas reforçam a necessidade de prescrição embasada de acordo com o perfil de cada paciente.

O clínico Fabio Cordeiro, que atua no Hospital São Judas Tadeu, pontua que o principal erro na tratativa do implante hormonal de gestrinona, é indicá-lo apenas para fins estéticos. Apesar de poder acarretar efeitos secundários que agradam as mulheres, como o ganho de massa muscular e diminuição do percentual de gordura, aponta o especialista, cada corpo responde de uma maneira e é preciso fazer uma vasta pesquisa de perfil da paciente, antes da prescrição.

“O problema é que essa medicação passou a ser indicada indiscriminadamente, conforme ela foi se popularizando. Cada organismo reage de uma maneira, então, teremos mulheres que sentirão os efeitos benéficos secundários, mas outras poderão sofrer os impactos negativos da medicação. Por isso é sempre muito importante se aliar a profissionais especializados na hora de realizar qualquer tratamento”, pondera.

Entre os efeitos colaterais negativos que podem ser provocados com o uso da gestrinona, estão o aumento do tamanho do clitóris, piora de acne, engrossamento de voz e aumento do volume de pelos.

“Na minha prática clínica, esses implantes quando bem indicados e com dosagens adequadas esses efeitos colaterais têm uma incidência mínima, grande parte das pacientes fica muito satisfeita com o uso. Pacientes com desejo de contracepção, endometriose de difícil controle, miomas uterinos, sangramentos menstruais excessivos e TPM severa podem se beneficiar muito do tratamento, os efeitos secundários estéticos são apenas uma consequência da substância utilizada”, pontua o clínico.

O implante hormonal trata-se de um tubo mínimo introduzido por uma pequena incisão na pele, cerca de 5 mm, que vai liberando de forma contínua a gestrinona, um derivado da testosterona, uma progesterona sintética. Entre todos os benefícios, ele atua também como método contraceptivo. Uma das pessoas responsáveis por popularizá-lo como chip da beleza, há 20 anos atrás, foi a apresentadora Hebe Camargo.

“Ela fez uso do tratamento para fins de reposição hormonal. E chegou a falar sobre os benefícios e isso gerou uma repercussão muito grande. Muitas pessoas estão em busca sempre desse milagre da medicina para a beleza, mas não existe. Com isso muitos profissionais acabam querendo tirar vantagem e colocando em risco a saúde do paciente”, ressalta o médico.

Gestrinona

A gestrinona não é produzida pela indústria farmacêutica brasileira e nem comercializada em drogarias comuns. “Ela não possui regulamentação pela Anvisa, é um tipo diferente de produto, é um insumo utilizado em farmácias de manipulação, possuindo outros métodos de fiscalização. É um medicamento com anos de uso inclusive aqui no Brasil, de maneira legalizada”, pondera Fábio Cordeiro.

O médico alerta ainda que qualquer terapia envolvendo hormônios requer uma avaliação rigorosa e individualizada, sendo necessário levar em consideração a condição de saúde, histórico pessoal e familiar.

“A mulher possui um organismo extremamente sensível a variações hormonais. É de extrema importância o detalhamento e que a paciente esteja ciente dos riscos que a medicação possui. O acompanhamento com um médico capacitado e sério para dosagens adequadas e tratamento dos possíveis efeitos secundários é imprescindível”, finaliza.

Fonte: Dialum - Assessoria de Imprensa & Comunicação Estratégica