Judiciário e Polícia Civil assinam cooperação para desenvolver projeto Papo de Homem para Homem

“Os homens, assim como mulheres, precisam de ajuda e compreensão quando se trata de casos de violência contra as mulheres”. A afirmação foi do juiz da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá, Jamilson Haddad Campos durante ato que marcou uma nova etapa do Projeto “Papo de Homem para Homem”, nesta quarta-feira (23). Na solenidade, que ocorreu na Academia de Polícia Civil de MT (Acadepol), teve a Assinatura do Termo de Cooperação Técnica entre o Poder Judiciário de Mato Grosso, por meio da Coordenadoria Estadual da Mulher em Situação de Violência Doméstica (CEMULHER), e a Polícia Judiciária Civil, por meio da Coordenadoria de Polícia Comunitária.

A iniciativa traz palestras e rodas de conversa entre homens que cumprem medidas protetivas de urgência da Lei Maria da Penha. Os temas levados a eles buscam refletir sobre as expressões da masculinidade tóxica como a agressividade.

O delegado Jeffeson Dias Chaves, coordenador da Polícia Comunitária contou que a iniciativa foi levada por ele até o desembargador Orlando Perri, que encaminhou a proposta, possibilitando sua viabilidade.

“Nos diversos casos que chegavam até mim na Delegacia, fui percebendo que as mulheres nem sempre conseguiam desabafar comigo e acabavam contando fatos relevantes quando estavam com a escrivã. Imaginei que o mesmo poderia ocorrer com os homens e fui vendo que a iniciativa de realizar esse trabalho com palestras e grupos de conversa, poderia ajudar a reduzir os casos de violência contra a mulher”, apontou o delegado.

A juíza Tatiane Colombo, da 2ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Cuiabá lembrou que a gestão do TJMT, presidido pela desembargadora Maria Helena Póvoas, elegeu como uma das suas diretrizes o fortalecimento de ações de combate à violência contra a mulher e citou a campanha “Quebre o Ciclo”.

“Estamos formalizando a relação entre as instituições e esse projeto traz uma perspectiva de cumprimento integral da Lei Maria da Penha que prevê o trabalho com os homens. A importância de trabalhar em rede é atingir todos os flancos e de uma forma conjunta. Costumamos dizer que a união faz a força e, de fato, precisamos de todos os atores da Rede de Enfrentamento", destacou a magistrada.

Além de repreender os casos, conforme a lei determina, o juiz Jamilson Haddad Campos defende que é preciso pensar na prevenção e, para tanto, o caminho é ter um olhar humano para os agressores.

"Tivemos um desenvolvimento fantástico por parte do TJMT. Passamos por medidas protetivas on-line, círculos de construção de paz, oficinas de Justiça Restaurativa, Botão do Pânico Eletrônico, tornozeleira eletrônica, projetos como Quebre o Ciclo que é uma verdadeira política pública. Tudo isso permitiu que avançássemos mais no sentido de prevenir a violência contra a mulher. É algo grandioso esse olhar para os homens, ouvi-los e conscientizar que nada justifica a violência contra a mulher. Precisamos dialogar nas divergências", afirmou.

O aplicativo SOS Mulher também é fruto de uma parceria entre a Polícia Civil, que desenvolveu o sistema, e o Judiciário. Por meio do aplicativo, as mulheres podem fazer denúncias, solicitar medida protetiva e ainda ter acesso ao botão do pânico.

Após a solenidade, os homens que cumprem medidas protetivas que estavam presentes para o Projeto assistiram à palestra e participaram da roda de conversa.

Também participaram do evento os delegados da PJC, Carlos Francisco de Moraes e Erick Fantin, a delegada da Delegacia Especializada de Defesa da Mulher, Jozirlethe Criveletto, o presidente da Comissão de Direito Penas da OAB-MT, Leonardo Bernazzolli e a promotora Elisamara Portela.

Fonte: Andhressa Barboza - Coordenadoria de Comunicação da Presidência do TJMT