Várzea Grande iniciou curso com foco na prevenção e cuidado em Hanseníase na Atenção Primária

Serão cinco dias de aulas que iniciaram hoje (10) e seguem até o próximo dia 14 de abril.

“A capacitação surgiu a partir da necessidade de ampliar, aos profissionais de saúde da Atenção Primária, conhecimentos, habilidades e atitudes nas ações de Hanseníase. É mais uma política pública integrativa que o município de Várzea Grande desenvolve em parceria com a Saúde do Estado”, disse o secretário municipal de Saúde de Várzea Grande, durante a abertura oficial de Capacitação em Hanseníase.

A formação está sendo ofertada pela Escola de Saúde Pública de Mato Grosso, em parceria com as equipes de Vigilância em Saúde e Atenção Primária à Saúde e integra a equipe de Educação Permanente da Saúde Municipal, que subsidia os profissionais de saúde que atuam na Rede de Atenção Básica. Serão 5 dias de aulas que iniciaram hoje (10) e seguem até o próximo dia 14 de abril.

A capacitação está ofertando mais de 300 vagas e objetiva o desenvolvimento de ações de prevenção de incapacidades físicas das pessoas acometidas pela hanseníase, visando a melhoria do perfil social, clínico, epidemiológico e a qualidade de vida da população de Várzea Grande.

Segundo Gonçalo de Barros, o município de Várzea Grande tratou 1104, pessoas com hanseníase, deste total, 773 pessoas foram diagnosticadas no Ambulatório Especializado, no Postão, e 331 nas Unidades Básicas de Saúde.

“Com esta capacitação queremos aumentar o diagnóstico nas unidades básicas e possibilitar a cura, uma vez que a doença, tem cura e todo o tratamento é feito na Rede SUS, tanto na dispensação de medicamentos, quanto no diagnóstico e outros procedimentos. Esta capacitação é o nosso pontapé para podermos aumentar nossa capacidade de cura e quebrar a transmissão da doença. Este é um curso extremamente necessário para evitar o aumento do número de pacientes em estado mais grave da doença. É importante que nossos profissionais estejam treinados e capacitados para evitar que esses pacientes se agravem e precisem de atendimentos especializados. A prevenção é o melhor caminho para todas as doenças no processo da cura”, elencou Gonçalo de Barros.

A Coordenadora de Atenção em Condições de Saúde, da SES/MT, Ana Carolina Landgraf, disse que o objetivo da capacitação é preparar profissionais de saúde para atuarem no controle da transmissão da hanseníase e diminuir as incapacidades causadas pela doença. Nesse contexto, o curso ressalta a importância do diagnóstico oportuno e do efetivo controle de contatos.

“Com a finalidade de Várzea Grande querer melhorar ainda mais este serviço de interesse coletivo, é muito importante dar mais este passo. Já trabalhamos com o município, e estamos juntos avançando. O nosso interesse é quebrar a transmissão da doença, com pessoas acometidas pela doença. A pessoa em tratamento, a transmissão cessa. E a pessoa consegue a cura. Se não tratar as consequências são grandes, pois atinge os nervos, as funções neurológicas, e não queremos que ninguém chegue a este estágio”, disse ela.

“Os casos de hanseníase são diagnosticados por meio do exame físico geral dermatológico e neurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas. Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea (suspeita de hanseníase neural primária), e aqueles que apresentam área com alteração sensitiva e/ou autonômica duvidosa e sem lesão cutânea evidente, estes pacientes por exemplo deverão ser encaminhados para unidades de saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica”, explicou Ana Carolina.

Gonçalo defende que a procura dos casos de hanseníase deve se dar por meio da assistência prestada à população geral nas unidades de saúde do município, bem como pela investigação dos contatos domiciliares dos casos diagnosticados, pelos Agentes Comunitários de Saúde, para que casos graves não ocorram.

“O curso serve para o aprendizado dos profissionais de saúde a suspeitar de hanseníase; classificar a doença, as formas clínicas, e iniciar tratamento poliquimioterápico (PQT), bem como reconhecer a necessidade de encaminhamento para referência estadual (reações medicamentosas, reações hansênicas, dificuldades de classificação e/ou diagnóstico) e também empoderar técnicos para o desenvolvimento de ações básicas em prevenção de incapacidade física e refletir sobre o estigma relacionado à Hanseníase e apresentar os direitos das pessoas atingidas pela hanseníase, e no final curar os várzea-grandenses que possuem a doença”, disse o secretário Municipal de Saúde, Gonçalo de Barros.

Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são:

Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área(s) da pele com alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);

Comprometimento do(s) nervo(s) periférico(s) – geralmente espessamento (engrossamento) –, associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;

Áreas com diminuição dos pelos e do suor;

Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés;

Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou nos pés;

Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.

A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. A forma de eliminação do bacilo pelo doente são as vias aéreas superiores (por meio do espirro, tosse ou fala), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Também é necessário um contato próximo e prolongado. Os doentes com poucos bacilos – paucibacilares (PB) – não são considerados importantes fontes de transmissão da doença, devido à baixa carga bacilar.

Não se transmite a hanseníase pelo abraço, compartilhamentos de pratos, talheres, roupas de cama e outros objetos. Já as pessoas com muitos bacilos – multibacilares (MB) – constituem o grupo contagiante, mantendo-se como fonte de infecção enquanto o tratamento específico não for iniciado. A hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, esse período dura em média de dois a sete anos; porém, há referências a períodos inferiores a dois e superiores a dez anos.

Fonte: SECOM/VG
Repórter: Da Redação