ARTIGO DE OPINIÃO - A verdade por trás das aparências

*Por Thiago Vinícius*

A distinção entre correlação e causalidade é essencial para uma análise precisa de eventos e suas relações. A correlação refere-se à associação estatística entre duas variáveis, indicando que elas podem ocorrer juntas ou variar de forma semelhante. A causalidade, por outro lado, implica que uma variável cause diretamente a ocorrência de outra.

O exemplo clássico do galo cantando todas as manhãs e o sol nascendo todas as manhãs ilustra bem a diferença entre correlação e causalidade. Esses eventos estão correlacionados, pois ocorrem em conjunto repetidamente, mas não há uma relação causal direta entre eles. O fato de o galo cantar não causa o nascimento do sol, e nem o fato de o sol nascer faz o galo cantar.

No cotidiano, encontramos várias situações que possuem correlação, mas não causalidade. Por exemplo, pode haver uma correlação entre o consumo de sorvete e o número de afogamentos. Ambos aumentam no verão, mas isso não significa que comer sorvete causará afogamentos. Nesse caso, o aumento nas temperaturas durante o verão é o fator causal comum que influencia tanto o consumo de sorvete quanto às atividades aquáticas.

No serviço público, podemos observar essa distinção em muitas análises estatísticas. Por exemplo, pode haver uma correlação entre a quantidade de policiais nas ruas e o número de crimes violentos em uma determinada região. No entanto, isso não significa necessariamente que ter mais policiais cause a redução dos crimes. Outros fatores, como políticas de segurança, investimento em prevenção e fatores sociais, também podem influenciar os índices de criminalidade.

É fundamental ter cuidado na análise de correlações para evitar conclusões equivocadas de causalidade. Para estabelecer relações causais, são necessárias evidências adicionais, como estudos controlados ou análises mais aprofundadas considerando uma variedade de fatores.

Em suma, a correlação não implica causalidade. Reconhecer a diferença entre esses conceitos é essencial para uma análise precisa de eventos e evitar conclusões falsas ou simplistas. Uma abordagem mais cuidadosa na análise de relações é fundamental, tanto no cotidiano quanto no contexto do serviço público, para uma tomada de decisão embasada em evidências sólidas.

*Thiago Vinicius Pinheiro da Silva é Secretário-Adjunto de Administração Sistêmica, da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Mato Grosso.

Fonte: VB Assessoria de Imprensa