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BOLETIM DE CONJUNTURA ECONÔMICA – JULHO/2024

*Por Adriane do Nascimento*

Este boletim traz as principais informações sobre os últimos dados macroeconômicos do país bem como os principais acontecimentos internacionais que refletem na economia brasileira no mês de julho. Serão apresentados os dados sobre o PIB, inflação, taxa de juros, taxa de câmbio, risco país, emprego, setor do agronegócio, Dívida Pública/PIB, além dos principais acontecimentos internacionais. Os dados foram coletados da base de dados do Banco Central, IPEA,IBGE, CEPEA, CAGED.

PIB - Variação sobre o ano anterior sobe

A projeção de crescimento para o PIB de 2024 saltou de 2,09%, em junho, para 2,19%, em julho. Enquanto para 2025, caiu de 1,98% para 1,94%. Para 2026 a estimativa continua a mesma há 51 semanas.

Inflação (IPCA) cresce ante junho

A projeção da inflação (IPCA) para o ano de 2024 cresceu em comparação ao mês anterior, no final de junho a projeção era de 3,98%, no final de julho a projeção foi de 4,59%. O IPCA-15 de julho, que corresponde a uma prévia do IPCA deste mês, indicou uma queda em comparação ao mês anterior, de 0,39% em junho para 0,30% em julho. A queda no preço da energia elétrica residencial e do botijão explicaram a queda do índice.

Selic segue estável

A projeção para a taxa básica de juros (Selic) permaneceu em 10,5% a.a no comparativo com o mês anterior. Para 2025, continuou em 9,50% a.a. E, para 2026, a projeção permanece em 9% a.a.

Taxa de Câmbio tem projeção revisada

A projeção da taxa de câmbio para este ano saltou de R$ 5,20 para R$ 5,30, em comparação com o final de junho. A taxa de câmbio, no mês de julho, apresentou um valor médio de R$ 5,54. Em relação ao mês anterior o crescimento médio foi da ordem de 0,0426%. A maior desvalorização da taxa de câmbio eleva os custos das empresas que têm seus custos atrelados ao dólar, por outro lado, amplia a receita dos exportadores, sobretudo do setor industrial, que apresenta uma demanda mais sensível a preço do que os exportadores do setor agropecuário.

Risco País (EMBI+) apresenta leve queda no Brasil

O risco país, ou EMBI+ (Emerging Markets Bond Index Plus) apresenta o desempenho diário dos títulos da dívida dos países emergentes em relação aos títulos do Tesouro dos Estados Unidos. Portanto, de maneira geral, quanto maior o risco país, maior a percepção negativa dos investidores em relação àquele país. O risco país do Brasil apresentou uma queda da ordem de 0,1252% no comparativo entre os meses de junho e julho.

Emprego – admissões superam desligamentos

Em relação ao emprego, a taxa de admissão, desligamento e o saldo (que representa a diferença entre a admissão e o desligamento) indicaram crescimento na comparação entre o mês de junho de 2023 com o mês de junho deste ano. A taxa de admissão apresentou crescimento da ordem de 0,5148%, já a taxa de desligamento indicou crescimento da ordem de 0,3705%, enquanto o saldo foi de crescimento da ordem 2,0116%. Os dados indicam, portanto, no comparativo com o mês do ano anterior, maior crescimento das admissões de trabalhadores do que dos desligamentos.

Agronegócio – participação no PIB pode ter queda

Estima-se que o setor do agronegócio representa 21,5% do PIB no ano de 2024, abaixo dos 24% registrados no ano de 2023.

Dívida Pública Líquida em Proporção do PIB

A projeção da dívida pública líquida em proporção do PIB se manteve no patamar de 63,7% na comparação com a projeção do mês anterior. Dados recentes, de junho, apontam que a dívida pública líquida em proporção do PIB é de 62,21%.

Cenário Internacional:

Eleições na França

A inesperada vitória da Nova Frente Popular (esquerda) causou uma queda no valor do euro. Os mercados ficaram preocupados com o aumento das despesas públicas, levando a um ambiente de incerteza financeira na região.

Eleições nos Estados Unidos

A desistência de Joe Biden de concorrer à reeleição presidencial nos Estados Unidos movimentou o país e deixou Kamala Harris como a principal candidata democrata contra Donald Trump, o provável candidato republicano. As pesquisas mostram uma disputa acirrada, especialmente em estados decisivos. A eleição nos Estados Unidos pode influenciar políticas comerciais e de investimentos, afetando mercados emergentes, incluindo o Brasil.

Desempenho Econômico dos EUA

O setor privado dos Estados Unidos criou menos vagas de emprego do que o esperado em julho, influenciando as decisões futuras do Federal Reserve sobre taxas de juros. Há especulações de possíveis cortes nas taxas para estimular a economia. Cortes na taxa de juros americana podem ser benéficos para economias em desenvolvimento, sobretudo o Brasil, isto porque investidores internacionais passam a ir em busca de economias que pratiquem taxas de juros mais elevadas, buscando obter maior retorno sobre o capital investido.

Eleições na Venezuela

Na Venezuela, as eleições também estão atraindo atenção internacional. A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, pediu à Organização dos Estados Americanos (OEA) para discutir a situação no país, destacando a importância dessas eleições para a estabilidade regional. A situação da Venezuela pode impactar diretamente a América Latina, com efeitos sobre o comércio regional e as políticas energéticas, sobretudo no Brasil, que importa gás venezuelano.

*Autora: Adriane do Nascimento é advogada e sócia administradora do Escritório Simões Santos, Nascimento & Associados – Sociedade de Advocacia. Graduada em Direito pela Universidade do Estado de Mato Grosso, é especialista em Direito Societário e Direito Individual e Coletivo do Trabalho, mestre em Economia, Políticas Públicas e Desenvolvimento, registrada no Corecon sob o número 0001/MT, pós-graduanda em Direito Tributário. Premiada em 1º lugar na categoria Artigo Técnico do XXIX Prêmio Brasil de Economia 2023. Contato: [email protected]. Mais informações em seu Currículo Lattes.

Fonte: Viviane Petroli - Mato Grosso Agro