HCFcom

Mulheres e Meninas na Ciência: Avanços e Perspectivas para o Futuro

Anamaria Camargo, Coordenadora do Centro de Oncologia Molecular do Hospital Sírio-Libanês, reflete sobre as contribuições das mulheres no campo da pesquisa.

São Paulo, fevereiro de 2025 – Elas já são maioria entre os estudantes de pós-graduação no Brasil. Segundo a CAPES, das 407 mil pessoas matriculadas em cursos de mestrado e doutorado no país, 224 mil são mulheres – um percentual significativo de 55%. Além disso, a presença feminina na autoria de artigos científicos cresceu 29% nos últimos vinte anos, conforme apontam dados do relatório Em direção à equidade de gênero na pesquisa no Brasil, divulgado pela Elsevier-Bori. No entanto, no cenário global, a UNESCO alerta que, embora as mulheres representem 44% da força de trabalho no país, elas ocupam apenas três em cada dez posições nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática. É nesse contexto que o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, celebrado em 11 de fevereiro, se torna um marco essencial para reconhecer a trajetória dessas profissionais e incentivar movimentos que impulsionem seu crescimento.

A pesquisadora Anamaria Camargo conhece bem esse cenário. Coordenadora do Centro de Oncologia Molecular do Hospital Sírio-Libanês, ela é uma das grandes referências em pesquisa oncológica no Brasil. Mas sua trajetória na ciência começou muito antes dos laboratórios e publicações acadêmicas. Filha de professores universitários, cresceu cercada pelo mundo acadêmico, onde a curiosidade científica se tornou parte da rotina. "Sempre me fascinou entender por que as pessoas ficam doentes e, principalmente, usar esse conhecimento para prevenir e tratar doenças", relembra. Hoje, além de liderar pesquisas inovadoras, Anamaria se dedica à formação de novos cientistas, um aspecto que considera essencial para garantir a continuidade da produção científica brasileira.

Embora o Brasil se destaque no cenário global pela expressiva presença feminina na pesquisa – ficando atrás apenas de Argentina e Portugal na participação de mulheres em publicações científicas –, essa presença diminui conforme a carreira avança, uma tendência também entre pesquisadores homens. O mesmo estudo da Elsevier-Bori revelou que, entre as cientistas com até cinco anos de trajetória, 51% são coautoras de artigos. No entanto, entre aquelas com mais de 21 anos de carreira, a participação cai para 36%. "A mulher tem uma habilidade natural de transitar entre diferentes funções e de olhar para a pesquisa de forma abrangente, buscando conexões que muitas vezes passam despercebidas", reflete Anamaria. Segundo ela, essa versatilidade traz um diferencial à ciência, mas ainda há desafios estruturais a serem superados para garantir maior equidade na progressão da carreira científica.

O impacto das mulheres na ciência está longe de ser recente. No final do século XIX, quando o ambiente acadêmico era mais hostil às cientistas, Marie Curie desafiou paradigmas e se tornou a primeira pessoa na história a receber dois prêmios Nobel, em Física e Química. Seu pioneirismo no estudo da radioatividade abriu caminho para aplicações médicas que revolucionaram o tratamento do câncer, incluindo a radioterapia. Hoje, essa mesma linha de pesquisa se reflete no trabalho de cientistas como Anamaria Camargo, que lidera uma das áreas mais inovadoras do Hospital Sírio-Libanês. Nos últimos anos, o investimento da instituição na pesquisa quadruplicou a produção científica, gerando conhecimento que não apenas beneficiam pacientes brasileiros, mas também influenciam diretrizes médicas internacionais. "O papel da pesquisa em um hospital como o Sírio-Libanês é gerar conhecimento que vai além das nossas paredes e impacta pacientes ao redor do mundo. Nosso papel é transformar conhecimento em cuidado", enfatiza.

Além das inovações na pesquisa oncológica, outro objetivo de Anamaria é trazer um olhar mais atento às particularidades da saúde feminina. Historicamente, muitos estudos pré-clínicos ignoraram diferenças de gênero, utilizando apenas animais machos para experimentos, por exemplo. "Trazer essa perspectiva é fundamental para garantir que a saúde feminina receba a devida atenção", destaca.

Foi justamente essa preocupação com um cuidado mais personalizado que motivou a criação do CareGaps Mama, uma plataforma de inteligência artificial desenvolvida pelo Hospital Sírio-Libanês para otimizar a prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de mama. A tecnologia, que teve projeto liderado por Maria Isabel Achatz, Coordenadora da Unidade de Oncogenética do Hospital Sírio-Libanês, identifica pacientes que estão fora do acompanhamento regular e auxilia profissionais de saúde a priorizarem exames e consultas, ampliando o acesso a diagnósticos precoces e aumentando as chances de tratamento bem-sucedido.

A presença feminina na ciência avança, impulsionada pelo talento de pesquisadoras como Anamaria Camargo. A equidade de gênero na ciência ainda exige mudanças estruturais, mas, com exemplos como o dela, novas gerações de cientistas encontram inspiração para trilhar caminhos antes inexplorados – e transformar a realidade da pesquisa no Brasil e no mundo.

Sobre o Sírio-Libanês

A Sociedade Beneficente de Senhoras Hospital Sírio-Libanês, instituição filantrópica que em 2021 completou 100 anos, trabalha diariamente para oferecer e compartilhar com a sociedade uma assistência médico-hospitalar de excelência, sempre com um olhar humanizado e individualizado em mais de 60 especialidades. Um trabalho reconhecido desde 2007 com o selo da Joint Commission International (JCI), o órgão mais importante do mundo em controle da qualidade hospitalar. O Sírio-Libanês mantém o compromisso assumido em 1921 por suas fundadoras e realiza iniciativas sociais em quatro pilares: Integração com a Comunidade, Ambulatórios de Filantropia, Instituto Sírio-Libanês de Responsabilidade Social e Projetos de Apoio ao SUS. Desde 2003, por meio do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa, a instituição contribui para o desenvolvimento de profissionais da saúde regidos pela ética e capacitados para prestar um atendimento baseado em boas práticas, além de contribuir com o desenvolvimento científico por meio de parcerias, estudos e pesquisas nacionais e internacionais. Atualmente, a instituição oferece programas de pós-graduação lato sensu e stricto sensu, programas de residências médicas e multiprofissionais, cursos de atualização (continuados e de curta duração), Ensino a Distância (EAD), estágios, seminários e reuniões científicas. O Sírio-Libanês foi pioneiro na criação de programas de Saúde Populacional, que unem empresas, operadoras e time de Atenção Primária no cuidado qualificado e acompanhamento da saúde, ajudando na gestão do benefício do plano de saúde e melhorando a qualidade de vida e a produtividade de profissionais. Atualmente, o Sírio-Libanês está presente com dois hospitais e cinco unidades em São Paulo e Brasília. Saiba mais em nosso site.

Fonte: Assessoria de Imprensa - Hospital Sírio-Libanês