Operação Ceres - Em MT, 14 são presos

A Polícia Federal (PF) prendeu 14 pessoas ontem, em Mato Grosso, durante a Operação Ceres, desencadeada em quatro estados para desarticular quadrilhas que consumiam e revendiam agrotóxicos contrabandeados. Fazendeiros e empresários de Sorriso, a 420 quilômetros da Capital, e de Primavera do Leste, a 231 quilômetros, estão entre os presos. O agronegócio é a principal atividade nos municípios.

Entre os acusados estão oito produtores rurais de Primavera do Leste, um detido em um hotel de Rondonópolis e um suspeito preso em Sonora (divisa com o Mato Grosso do Sul). Alguns dos envolvidos são Denis Roberto Bruneta, Valdemar Garcia Barbosa, Demivaldo Gomes Arruda, Rogério Alves Ferrari, Sidnei Luís Silva, César Augusto Lamberti e Miguel José de Souza.

Entre os 15 mandados de prisão, um deixou de ser cumprido, porque a pessoa procurada está viajando. Sete detenções aconteceram em Sorriso. As outras oito prisões foram realizadas na região de Primavera do Leste e os acusados de integrar a quadrilha foram transferidos para Rondonópolis. As prisões temporárias têm duração de cinco dias, mas podem ser prorrogadas pelo Judiciário.

Sessenta e cinco policiais de Mato Grosso participaram da ação. A Operação Ceres foi realizada também no Paraná, em São Paulo e no Mato Grosso do Sul. O último estado coordenou a ação. Em meados da tarde, 54 mandados de prisão haviam sido cumpridos em 23 cidades do país, dos 70 expedidos pela 1ª Vara da Justiça Federal de Naviraí (MS).

A Polícia Federal informou que todos os envolvidos são acusados de contrabando, formação de quadrilha e de cometer crimes ambientais. Isso porque o agrotóxico contrabandeado utilizado nas lavouras entrou ilegalmente no Brasil e não há nenhum tipo de controle químico sobre o produto, que poderia causar danos à plantação e até mesmo aos seres humanos que o manuseiam ou que consomem a produção.

O defensivo não é autorizado pelos Ministérios da Saúde, Agricultura e Meio Ambiente. Apesar de agir em vários municípios do país, as bases das quatro organizações criminosas ficavam em regiões estratégicas. A sede de um grupo funcionava em Primavera do Leste, de dois, em Sete Quedas (MS), e do quarto, em Amambaí (MS). Os participantes também são acusados de contrabandear cigarros, couro de boi, pneus e produtos eletrônicos.

Segundo informações do delegado federal de Rondonópolis, Cristian Arlei da Silva Lages, o volume de agrotóxicos encontrado não foi numeroso, se comparado com outras apreensões da corporação. Em relação à quantidade, ele informou que foram apenas quatro caixas de agrotóxicos e a maioria apreendida é de amostras do produto. Entre as apreensões ainda constam dois veículos e um revólver calibre 38 com numeração raspada.

A PF de Naviraí (MS) organizou a Operação Ceres (nome dado em alusão à deusa romana da agricultura) depois de fazer grandes apreensões de insumos agrícolas contrabandeados e de comprovar que havia ligações entre as práticas criminosas.

Em nota, a PF apontou que “no curso das investigações surgiram alvos em comum com as operações Hidra, Piratas da Lavoura e Campo Verde”, realizadas no Paraná e em Goiás.

A ação do esquema organizado fomenta roubos de agrotóxicos, que acontecem nas estradas do país, além de oferecer concorrência desleal aos empresários do setor, devidamente regularizados. (Colaborou Thiago Itacaramby)

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Diário de Cuiabá - Da Reportagem