
Os partidos de oposição apostam no racha da base aliada do governo no Senado para conseguirem derrotar, no plenário da Casa, a PEC (proposta de emenda constitucional) que prorroga a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) até 2011. Com a possibilidade do PTB liberar a bancada para votar como quiser, DEM e PSDB avaliam que os governistas não terão os 49 votos necessários para a aprovação da PEC.
Em contabilidade interna, os governistas calculam possuir entre 45 e 48 votos favoráveis à prorrogação da CPMF. Com a possibilidade de racha dentro dos próprios partidos da base, a ordem do Palácio do Planalto é reunificar o bloco governista para evitar o máximo de dissidências durante a votação da matéria.
Senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) diz que governo não terá votos para aprovar CPMF
"No plenário eles não terão votos suficientes. E falta tempo para articulações que garantam essa unidade", disse o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgilio (AM).
Mesmo com a pressão do governo, senadores da base aliada já avisaram que vão votar contra a prorrogação do imposto do cheque. O PTB vai reunir a Executiva Nacional no dia 28 deste mês para definir como vai orientar a bancada do Senado na votação da CPMF. A expectativa é que o partido libere a bancada, sem fechar questão favoravelmente à matéria.
O partido também vai fazer um ato de desagravo ao senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), afastado da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado na semana passada pela líder do bloco governista na Casa, Ideli Salvatti (PT-SC), depois de anunciar que votaria contra a prorrogação da CPMF.
Cavalcanti já adiantou que, no plenário, vai votar contra a matéria. No total, a bancada do PTB reúne seis senadores, o que preocupa a base aliada do governo na votação.
O senador Jefferson Péres (PDT-AM), que se absteve na votação da CCJ, também disse que vai "refletir" sobre a prorrogação da CPMF antes de decidir se votará pela sua continuidade --gesto que promete ser seguido pelos demais quatro integrantes do PDT no Senado.
PMDB
Outro partido que promete dar dor de cabeça ao governo é o PMDB. Com a maior bancada no Senado, composta de 20 parlamentares, o partido caminha para votar rachado na prorrogação da CPMF. Assim como ocorreu com Mozarildo, o partido substituiu o senador Pedro Simon (RS) na votação da CPMF na CCJ depois que o peemedebista anunciou o voto contrário à matéria.
Apesar de ter fechado questão pró-CPMF, as anunciadas dissidências no partido preocupam os governistas. Além do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), que já declarou voto contrário à CPMF, o senador Valter Pereira (PMDB-MS) também disse que pode mudar de opinião em relação à prorrogação do imposto do cheque depois que ajudou a aprovar a matéria na CCJ.
"Na CCJ eu aprovei, mas no plenário eu não tenho esse compromisso. O ministro Guido Mantega [Fazenda] ficou de mandar uma proposta de reforma tributária até o dia 30 com a redução da carga nacional. A isso se condiciona a votação. Se o governo romper, estará descumprido o acordo", disse Pereira.
GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília