Delegado da PF substitui Brito na Sejusp


Ao indicar um delegado experiente da Policia Federal, o governador Blairo Maggi quer tirar qualquer pressão política sobre a Segurança

O delegado federal Diógenes Curado será o novo secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso. A escolha foi anunciada no início da noite pelo governador Blairo Maggi (PR), após três horas em reunião com o delegado no Palácio Paiaguás. Curado assumirá a cadeira de Carlos Brito (PR), numa estratégia do governo em recorrer ao perfil técnico para blindar-se de pressões políticas.

A pressão política, liderada especialmente por parlamentares do PP, é apontada como a principal causa da queda de Carlos Brito da Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp). “Pelo menos essa questão política vai sair de cena agora. Espero que essa questão dê uma acalmada”, declara o governador Blairo Maggi.

Há 22 anos na Polícia Federal (PF) de Mato Grosso, Diógenes Curado presidiu atuou nos casos do Dossiê Antitucano e Máfia das Sanguessugas, ganhando projeção nacional. O trabalho de transição na Pasta começa hoje, quando Curado se reúne com Carlos Brito para apanhar os primeiros detalhes do funcionamento e estrutura da Sejusp.

A nomeação deverá ocorrer somente daqui uma semana. A efetivação no posto de secretário é condicionada à tramitação de documentos e à assinatura do ministro de Justiça Tarso Genro e do diretor geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, em função da carreira federal. O governador já teria mantido ontem uma conversa ao telefone com o ministro assegurando o aval à escolha. Os primeiros contatos com o próprio indicado foram costurados pelo vice-governador, Silval Barbosa.

De acordo com Maggi, a idéia central era a de seleção de nome já ligado à segurança pública, privilegiando-se o perfil técnico no processo de sucessão. Nesse contexto, a adesão da Polícia Federal à área estadual é encarada como a solução ideal à conjuntura do setor. Segundo o governador, não existe o temor de que a escolha de um federal incite críticas junto às corporações da Polícia Civil e Militar.

“Queríamos agregar algo de fora para a secretaria. Pegar alguém de nossas forças sempre é algo delicado, que mexe com vaidades pessoais. Achei nossa escolha a mais apropriada. Mas a escolha é minha. O comando é meu. Escolho como achar que tem que ser”, posiciona. O escolhido também atesta não temer pressões. “Quando entrei na Polícia disseram que eu não seria mais pedra, seria vidraça. Já estou acostumado”, alerta.

O chefe de Executivo reforça que a intenção é, com a figura de Curado, agregar a experiência da PF no combate ao crime à segurança pública em Mato Grosso. A proposta foi definida como uma “simbiose” de experiências.

“Queremos não só a presença do Dr. Diógenes, mas da instituição Polícia Federal. Todos sairão ganhando”. Diógenes Curado será o quatro secretário de Justiça e Segurança Pública do Estado desde o início da gestão Blairo Maggi, em 2003. Já passaram pela Pasta os promotores Célio Wilson e Marcos Machado e agora sai do cargo o ex-deputado Carlos Brito.

Ele pediu demissão anteontem diante de requerimento de instalação de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar suspeitas de fraude em licitação e desvio de recursos públicos na Sejusp.

JULIANA SCARDUA
Reportagem Diário de Cuiabá