Silval desiste de reduzir secretarias de Estado e busca outras formas de atender à “voz das ruas”

Por alguns dias, o governador Silval Barbosa (PMDB) ‘matutou’ a ideia de reduzir o número de Secretarias de Estado e de órgãos da administração indireta, como forma de supostamente reduzir despesas. Isso em virtude da existência da crença popular de que, menos órgãos públicos, hipoteticamente significariam despesas menores. 

Dados preliminares apontaram a inviabilidade de extinguir, fundir e reduzir órgãos. “O dispêndio de recursos seria o mesmo, com resultados duvidosos. Talvez pior do que os atuais”, afirma uma fonte com livre acesso às hostes palacianas, ouvida pela reportagem do Olhar Direto.

Com isso, Silval pretendia traduzir as demandas que a população levou às ruas, em manifestações na porta do Palácio Paiaguás e na Assembléia Legislativa de Mato Grosso, em ações práticas de governo. Em entrevista recente para o Olhar Direto, ele disse que a “voz das ruas” têm um norte claro no Brasil, que é a questão de mais direitos sociais, mais valores públicos e éticos.

Como forma de compreender melhor o que é reivindicado, Silval ampliou o diálogo com dirigentes sindicais e organizações sociais. Na última semana, se reuniu com a diretoria do Sindicato dos Profissionais do Ensino Público (Sintep), o maior e mais forte de Mato Grosso. 

“De fato, não podemos nem devemos ficar indiferentes. Temos que ter a humildade de reconhecer que lutar por mais direitos é algo que só honra o nosso país”, disse Brbosa, à época. Silval lembrou que viu o que era cobrado nas ruas, explicitado em cartazes: mais ética, mais democracia e, principalmente, mais oportunidade de ser ouvido.

Como não tem influência direta numa possível reforma política, o governador adotou como “dever de casa” uma possível redução no tamanho do governo. Passados os estudos preliminares, porém, ficou claro que, exceto o salário dos secretários de Estado e dirigentes de órgãos, a economia seria ínfima. Além disso, às vésperas de ano eleitoral, não valeria o desgaste político perante aos aliados. 

Existe um consenso no Palácio Paiaguás de que os manifestantes exigem a melhoria da representatividade política, democratização da atividade política e ainda tornar a política mais transparente, itens que não têm como serem resolvidos em Mato Grosso.

A cobrança por melhoria na educação Silval começou a atender, em tese, na reunião da semana passada com o Sindicato Profissionais do Ensino Público. A educação de qualidade, que abrange creches, alfabetização na idade certa, escolas em tempo integral e formação de cientistas, tecnólogos e inovação, com professores bem remunerados e estrutura.

Todavia, a modificação na estrutura de governo, pelo suposto excesso secretarias e órgãos, não resultaria em redução de gastos. “Seria como trocar seis por meia dúzia”, define um dos responsáveis pelo estudo, utilizando uma metáfora popular.

Redação Olhar Direto - Ronaldo Pacheco