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Marcha para Jesus tem clima de micareta: abadás, axé e trios elétricos

Um desavisado de passagem pela Avenida Historiador Rubens de Mendonça, a conhecida Avenida do CPA, na tarde deste sábado (7/6), poderia facilmente acreditar que estava no meio de uma micareta. Contudo, o que estava acontecendo era a 21ª marcha para Jesus aconteceu nesta tarde em Cuiabá.

Em clima de festa, a marcha tinha três trios elétricos e os fiéis seguiram todo o percurso, em direção a Praça das Bandeiras, cantando e dançando músicas de axé, hip hop e samba gospel. Muitos estavam vestindo abadas de suas igrejas, com frases de efeito como “Não troco a santidade de Cristo pela glória dos homens”. Também havia referências à Copa do Mundo, com músicas que diziam que "o Brasil marcou o gol" e também pelo clima ufanista representado por camisetas, bandeiras e diversos acessórios de cores verde e amarelo.

Embora o clima de festa anunciasse mais comemorações do que reivindicações, alguns participantes estavam indignados com a atitude do Governo do Estado de Mato Grosso perante à marcha. É o caso de Jaqueline Gonçalves da Igreja Voz da Verdade. Segundo a evangélica, o que tentaram fazer para proibir a marcha foi um absurdo: "O governador deveria olhar mais para os evangélicos, porque nós tiramos o povo das drogas. Esta marcha quer mostrar para o governador que nós somos fortes". A indignação era também direcionada à prefeitura de Cuiabá. Em uma das faixas era possível ler os dizeres: "Mauro Mendes, música gospel também é cultura!” 

Apesar de o evento ter anunciado que católicos também seriam bem vindos, a maior parte dos participantes eram evangélicos, o que era possível perceber pelos anúncios do locutor em cima do trio elétrico, que saudava cada uma das igrejas pelo nome.

Não houve alusão dos locutores oficiais a temas polêmicos como drogas, aborto ou casamento gay. As únicas mensagens vinham de jovens com placas como "sou a favor da família tradicional: pai, mãe e filho"; "sou a favor da lei da vida, contra a lei do aborto"; e "maconha: usei e me lasquei".

A marcha deixou a Avenida do CPA com trânsito intenso e houve atraso dos ônibus. Ellen Barbosa, por exemplo, estava no ponto há 40 minutos: "É complicado ficar esperando. Eu não deveria ter vindo para a Avenida principal!".

A marcha começou por volta das 16h30 e acabou pouco antes das 18h. Apenas um motoqueiro tentou furar o bloqueio, mas logo foi parado pelos bombeiros. De acordo com a Secretaria Municipal de Transportes Urbanos (SMTU), duas mil pessoas participaram "pularam" a marcha que, segundo o Corpo de Bombeiros, não causou nenhum acidente.

Fonte: Isabela Mercuri - Redação Olhar Direto