Na tentativa de proteger seu aliado político, o megaprodutor Eraí Maggi (PP), deputado estadual Zeca Viana (PDT), já declarou que quer abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar atos da mesa diretora do Legislativo, que há 20 anos é comandada por um mesmo grupo que se reveza entre os cargos de presidente e primeiro-secretário. Uma das coisas que deverá estar no foco da investigação será a contratação de funcionários, saber se há excesso, e ainda a aplicação dos recursos. Viana questionou ainda se “sobra recurso por que não é devolvido ao Estado?”.
“Temos uma Casa de Leis que é administrada por um grupo há 20 anos, num rodízio e não é bom. A imagem dos deputados é péssima, precisamos dar transparência para a sociedade. Se sobra recurso porque não devolve ao governo? Várias coisas que precisam ser corrigidas. Excesso de funcionários, tudo isso tem de ser levantado”, comenta.
Além de tentar blindar Eraí Maggi, que deverá ser investigado pelos deputados na CPI que será criada a pedido do deputado José Riva (PSD), a bronca com a gestão da Assembleia Legislativa já antecipa como será a disputa pela mesa diretora.
Zeca já deixou claro a intenção em buscar a bancada eleita pelo grupo de Pedro Taques (PDT), eleito governador, para disputar o comando da AL e sabe que enfrentará resistência do atual grupo, mesmo Riva estando fora do Parlamento.
Durante toda a semana ambos entraram em conflito por causa das CPI e Zeca chegou a desafiar Riva a assinar o requerimento que pede a instalação de uma comissão para investigar os contratos com a Trimec, de propriedade de Wanderlei Torres. Fato que não ocorreu e ainda fez com que o deputado Ademir Brunetto (PT) retirasse a assinatura do documento que solicitava a abertura da CPI da Cooamat, que irá investigar a suspeita de fraude e simulação de negócios na Cooperativa Agroindustrial de Mato Grosso (Cooamat), que tem como sócio o produtor Eraí Maggi e parentes, além de funcionários do grupo Bom Futuro.
COMISSÕES – A CPI da Trimec está na fila desde o ano passado, mas a oposição não conseguiu a oitava assinatura para apresentar à mesa diretora o pedido de abertura da comissão.
Os deputados chegaram, até mesmo, a abrir uma CPI para investigar questões sobre telefonia celular, que é de responsabilidade de União, coisa que não cabe ao Estado investigar.
Na AL somente três comissões podem funcionar simultaneamente. Os parlamentares de oposição já tentaram, de forma frustrada, abrir uma CPI para investigar supostas irregularidades do Fethab.
ALLINE MARQUES E THIAGO ANDRADE
Da Reportagem Diário de Cuiabá
