DIVERSIDADE - Parada reuniu 2,5 mil

A chuva que caiu na tarde de ontem não desanimou quem esteve na 12ª Parada da Diversidade de Cuiabá e a festa continua hoje 

Nem a chuva que caiu na tarde de ontem desanimou o público da 12ª Parada da Diversidade de Cuiabá. Cerca de 2,5 mil pessoas gritavam em prol dos direitos civis, mas sem deixar de lado a homofobia e a violência sofrida pelos gays, lésbicas, bissexuais, transexuais, travestis e transgêneros. 

Para a jovem Heloise Felix, a parada deste ano foi mais especial que as outras. Dessa vez, “fora do armário”, ela experimentou a ótica de um participante, que independente da festa, estava ali de peito aberto para gritar em prol de seus diretos. 

“Agora é diferente, venho sem medo de ser vista e com mais liberdade para me expressar”, disse Helô, que se mostrou disposta a viver aquele ato. 

Com uma coroa cheia de brilhos, a transformista Geena contou que a sociedade está mais aberta, mas que isso ainda não é suficiente. Com 40 anos, ela conta que se monta para animar a noite, mas trabalha como cabeleireira na parte da manhã. 

A roupa, assim como a coroa, tinha brilho para todo o lado. Segundo ela, uma criação própria. “Uma roupinha básica, sem brilho como você pode ver”, brincou. 

Ela se assumiu gay com 18 anos, momento em que se sentiu segura, pois já trabalhava e se sustentava. “Hoje minha família me aceita muito bem, tive a sorte de ter o apoio deles”, finaliza. 

Engajado na luta da diversidade sexual, Clóvis Arantes, organizador da parada, explica que se não for para ser direito de todos, não se trata de direitos humanos. “Não buscamos nada além do que já está na Constituição”, disse. 

Segundo ele, atualmente cerca de 78 artigos existentes na Constituição são negados à população LGBT, motivo que intensifica a luta. 

Arantes reforçou ainda a violência sofrida pelas travestis, segundo ele as travestis são as que mais vivem em vulnerabilidade e isso precisa mudar. “Basta de violência”. 

Outro rosto conhecido, presente desde a primeira edição da parada, é da drag Patilaine Queen, com o visual sempre colorido, esvoaçante, ela lembra que muita coisa mudou de lá pra cá. 

“O movimento mudou muito também, pra melhor. Mas não é isso que queremos, precisamos de mais respeito, dignidade e debate sobre nosso espaço na sociedade, nós existimos, por baixo dessa roupa colorida, trabalho e pago meus impostos como qualquer outro cidadão”. 

O secretário de Assistência Social de Cuiabá, José Rodrigues, parabenizou o público pela coragem de estar na passeata e assumir quem realmente é. Ele ainda reforçou que vai trabalhar junto com a comunidade LGBT para garantir um diálogo com a sociedade. 

Hoje a festa da diversidade continua na boate HotsPot, a atração da noite é Mariana Mollina, cover da Beyoncé. Ingressos antecipados por R$ 20. Mais informações no site da boate.

YURI RAMIRES
Da Reportagem Diário de Cuiabá