MÁFIA DA MULTA - Walace é alvo de mais um inquérito

Segundo o Ministério Público Estadual (MPE), o prefeito e um vereador estariam coordenando uma máfia de multas no município que já arrecadou R$ 3 mi

O Ministério Público do Estado abriu nos últimos 15 dias dois inquéritos e uma Operação para apurar suspeita de irregularidades na gestão do prefeito Walace Guimarães (PMDB) em Várzea Grande. Neste mês o gabinete do prefeito foi alvo de cumprimento de um mandado de busca e apreensão de documentos. 

O último inquérito aberto contra o prefeito também envolve o futuro presidente da Câmara de Vereadores da cidade, Jânio Calistro (PMDB). O MP apura se os peemedebistas montaram um esquema de apreensão de motocicletas na Cidade Industrial para beneficiar o parlamentar. 

Conforme o MP, o suposto benefício aconteceria porque Jânio Calistro é dono do espaço em que ficam as motos e carros apreendidos em Várzea Grande. 

Para retirar o veículo do pátio o dono precisa pagar uma taxa pelo aluguel do pátio e transporte no caminhão-guincho. Segundo o MP, é nessa hora que entraria, supostamente, o lucro do vereador peemedebista. 

O Ministério Público acredita que os repasses à empresa de Calistro cheguem ao valor de R$ 3 milhões por mês. A desconfiança é de que a ‘bolada’ seria usada para construir um hospital em Sinop e asfaltar ruas nas imediações de um condomínio do parlamentar que deve ser lançado brevemente. 

O outro inquérito aberto pelo Ministério Púbico do Estado visa investigar supostas irregularidades nos contratos firmados entre a prefeitura da cidade e a empresa Penta Serviços de Máquinas Ltda. 

Um dos contratos vencidos pela empresa foi no valor de R$ 7 milhões para fazer serviço de limpeza e pintura de meio-fio na cidade. Entretanto, o problema é que o MP desconfia que houve favorecimento para a empresa ganhar o certame. 

Isso porque a Penta pertence à filha de Antônio Roni de Liz, dono da Editora Liz, que também tem contratos com o Paço Municipal. Ele também seria amigo do prefeito e um dos apoiadores da campanha de Walace em 2012. 

Na lista dos financiadores de campanha entregue à Justiça Eleitoral não aparece o nome de Antônio e nem de sua gráfica como doadores do peemedebista. 

OPERAÇÃO CAMALEÃO – Enquanto isso, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) continua averiguando todo o material apreendido durante a Operação. 

A operação Camaleão cumpriu 11 mandados de busca e apreensão em cinco secretarias, no gabinete do prefeito e escritório da Carneiro Carvalho, construtora que seria uma empresa de fachada. 

A investigação teve início após denúncia anônima feita ao MPE e o que chamou atenção é que a empresa Carneiro Carvalho Construtora, responsável por diversas obras no município, era uma sapataria até pouco mais de um mês antes do início do processo licitatório para execução de obras em Várzea Grande de diversas modalidades, como reformas de escolas, pavimentação, canteiros de avenidas e outras. 

Durante o certame, uma empresa concorrente chegou a contestar o certificado emitido pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (Crea-MT) apresentado pela construtora, mas apesar de interromper o processo o órgão teria atestado a validade do documento e a Carneiro Carvalho saiu vencedora de um contrato de quase R$ 10 milhões com a prefeitura de Várzea Grande.

THIAGO ANDRADE
Da Reportagem Diário de Cuiabá