JÚLIO MULLER - Outro ‘elefante branco’?

Para muitos, obra do novo hospital
pode se transformar em “fantasma”
Grande parte da população já levanta suspeita de que obra do novo Hospital Universitário de Cuiabá repita a do Hospital Central (HC)

A rescisão do contrato para a construção do novo Hospital Universitário Júlio Muller (HUJM) provocou em parte da população o medo de que Mato Grosso esteja diante de um novo Hospital Central (HC), uma obra iniciada há 30 anos e que custou milhões aos cofres públicos sem nunca ter sido concluída. Esta é a terceira construção na área da Saúde pública licitada pelo Governo do Estado, com recursos da União, que se arrasta ao longo dos anos sem término dos serviços. 

Além de já existir o temor de que a nova unidade hospitalar, erguida às margens da Rodovia Palmiro Paes de Barros, em Cuiabá, se transforme em um “elefante branco”, na própria área do atual HUJM, que fica no bairro Alvorada, a construção de um prédio para abrigar uma clínica de hemodiálise está parada há 10 anos. 

“Não é essa a intenção. Por essa razão é que rescindimos o contrato e por entender que é a melhor solução. Se continuássemos (com o contrato com o consórcio), no ritmo que [a obra] estava, a população só teria o hospital daqui a 15 anos”, disse a secretária de Cidades (Secid), Márcia Vandoni, reconhecendo a importância do hospital para a comunidade acadêmica e para a população em geral. 

Iniciada em 2012, o prazo de conclusão da obra era de 720 dias. Entretanto, até o momento apenas 9% dos trabalhos, que estão parados, foram concluídos. Além disso, uma equipe técnica formada pela Secid detectou problemas na qualidade dos serviços, como vigas de fundação totalmente desalinhadas, rachaduras visíveis e cimento esfarelando ao toque da mão. A construção era tocada por um consórcio formado por três empresas. 

Entretanto, para Vandoni não há motivos para alarde, já que está prevista a realização de nova licitação para contração da nova empresa que irá dar prosseguimento aos trabalhos. E as discussões sobre o processo já estão em andamento com a equipe do próximo governo. “Não existe nenhum problema de descontinuidade de gestão”, frisou. Sem tempo hábil, a licitação só deve ocorrer na próxima gestão estadual. 

Da área da Saúde, o promotor de Justiça Alexandre Guedes evitou tecer comentário sobre a possibilidade da obra do HUJM se transformar em novo fantasma no Estado. Entretanto, lembrou que esta é a terceira obra sob a responsabilidade do Governo estadual e que conta com recursos da União sem finalização. 

Além do Hospital Central, do novo HUJM, Guedes lembrou que no atual prédio do HUJM, que fica no bairro Alvorada, há anos se arrasta a construção de um prédio onde deveria funcionar a clínica de hemodiálise para pacientes com problemas renais, cujo tratamento hoje só é disponibilizado na rede particular. “É mais uma obra no histórico de Mato Grosso, que o Governo não consegue resolver na área”, disse. 

JOANICE DE DEUS
Da Reportagem Diário de Cuiabá