REFORMA POLÍTICA - Maggi se reúne com Dilma em Brasília

O encontro da presidente com lideranças partidárias do Senado Federal pretende garantir a votação de propostas, como a da reforma política 

O momento de tensão política vivida em Brasília ampliou a possibilidade dos líderes governistas se aproximarem do Executivo Federal e iniciarem um entendimento que resulte em avanços para o país, Estados e Municípios, além da sociedade como um todo. 

“Estivemos reunidos na semana passada e ouvimos o apelo da presidente Dilma Rousseff para a necessidade do Congresso Nacional lhe dar um voto de confiança em relação às propostas de reforma que se encontra em apreciação tanto na Câmara Federal como no Senado. Agora foi nossa vez de sermos ouvidos e colocar nossas propostas que passam por mudanças nas atuais regras políticas e também no tratamento para com os demais entes federados, Estados e Municípios que precisam de apoio do governo federal e de um tratamento mais igualitário no que diz respeito às partilhas dos recursos públicos e nas definições dos investimentos que geram emprego e renda”, disse o líder do PR, o senador por Mato Grosso, Blairo Maggi. 

Maggi defende o financiamento público de campanha; o fim da reeleição para o Poder Executivo e de coligações proporcionais (deputados e vereadores), tudo dentro de uma reforma política ampla e que esteja em comum acordo com o que pensa a população, além de uma melhor relação entre o Executivo e o Legislativo em nível nacional, que está estremecida por causa da falta de diálogo. 

Quando fala num melhor relacionamento, Blairo Maggi remete a situação de Mato Grosso e de todos os Estados para o atual quadro administrativo e financeiro. “Fui governador por oito anos e as dificuldades eram menores, mas as mesmas, ou seja, repasse das desonerações das exportações via FEX – Fundo de Exportações e Lei Kandir e novo indexador de correção das dívidas públicas que não mais serão pelo IGP-DI + 6% ou 9% e passarão a ser pelo INPC ou Taxa Selic + 4%, o que for menor entre as duas após as apurações”, frisa Maggi que votou por ambas as decisões no Congresso Nacional. 

Entre o FEX de 2014 e a mudança do indexador de correção das dividas, Mato Grosso e o governador Pedro Taques (PDT) teriam acesso a recursos da ordem de R$ 1,2 bilhão, ou seja, mais de uma arrecadação mensal. 

“A reforma política deve se concentrar em alguns pontos que nós ouvimos nas ruas, nas nossas casas, nas associações, que me parecem ponto comum entre todos os cidadãos brasileiros. Eu concordo plenamente com aqueles que defendem o fim dos financiamentos das empresas para as campanhas eleitorais e por vários motivos. Um de ordem pessoal, porque acho que as empresas – e como empresário falo isso – são constantemente procuradas, às vezes até forçadas, a participarem de campanhas eleitorais que, muitas vezes, não gostariam”, disse. 

Blairo também lembrou que é favorável ao fim da reeleição para governador, presidente e prefeito. Uma alternativa é discutir o aumento do tempo de mandato, de quatro para cinco ou até mesmo seis anos. Outro ponto levantado é sobre o fim das coligações partidárias nas eleições para deputado federal, estadual e vereador. 

“Sou contra a reeleição para os cargos do Executivo. E razões não faltam para isso, principalmente para quem, como eu, disputei eleição no cargo e tem a consciência de que é desproporcional a forma como se faz, por mais cuidado que você tenha como candidato à reeleição. Mas a força da máquina, a forma como a eleição é conduzida, é desproporcional. Também sou favorável ao fim das coligações proporcionais. Acho que os que são eleitos devem vir pela quantidade de votos que cada um tem. Quem é mais votado tem o direito de exercer a sua função legislativa”, reconheceu. 

Essas questões fazem parte do pacote de medidas a serem apreciadas pelo Congresso, mas que dependem de diálogo do Executivo com o Legislativo. 

MARCOS LEMOS
Da Reportagem Diário de Cuiabá