CERCO FECHADO - MPE é favorável à cassação de Walace

O parecer do Ministério Público Eleitoral acusa o prefeito de Várzea Grande de ter praticado caixa 2 nas eleições de 2012, quando foi eleito

O Ministério Público Eleitoral (MPE) emitiu parecer favorável à cassação do mandato do prefeito de Várzea Grande, Walace Guimarães (PMDB), e do vice-prefeito Wilton Coelho, o Wiltinho (PR) por formação de caixa 2 na campanha eleitoral de 2012. O documento assinado pelo promotor de Justiça José Ricardo Costa Mattoso foi anexado aos autos da ação de investigação judicial em andamento na Justiça Eleitoral. É sustentado que o peemedebista praticou captação e gasto ilícitos de recursos financeiros, configurando assim em abuso do poder econômico. É citado em trecho do documento que houve movimentação financeira desproporcional em benefício da campanha eleitoral. “De tudo que fora exposto, conclui-se que houve a quebra dos princípios da transparência e da moralidade da campanha eleitoral de 2012 por parte dos requeridos [Walace e Wilton], bem como também o total desrespeito à população do município de Várzea Grande/MT, circunstâncias estas que ficam evidenciadas através das informações obtidas pela quebra do sigilo bancário e que demonstram a arrecadação e gastos em desconformidade com a norma”, diz um dos trechos.

Conforme o Ministério Público, a quebra do sigilo bancário e perícia técnica nos documentos atestam a prática de “inúmeras condutas que configuram evidente captação e utilização ilícita de recursos”. 

O parecer cita que o valor oficialmente declarado de R$ 1,2 milhão é proporcionalmente inferior ao valor que se extrai da movimentação financeira apurada através da quebra de sigilo bancário”. 

Uma das irregularidades descobertas ao longo da investigação está o gasto com o combustível. 

A análise da documentação deixou demonstrado que os valores entregues na declaração de contas de campanha foram abaixo do que realmente foi utilizado para a manutenção da frota. 

Foram analisadas as transferências de recursos financeiros envolvendo os coordenadores da campanha e as empresas de serviço. Aí, foi constatado que os valores não foram devidamente declarados na prestação de contas. Uma das empresas que transferiu dinheiro para pagamento de combustível não contabilizado oficial pertence a Mauro Sabatini Filho, ex-coordenador financeiro da campanha e atual secretário de finanças do município. 

Outra divergência nos gastos de campanha está relacionada aos serviços gráficos e de produtoras de vídeo responsáveis pela produção do programa eleitoral. O gasto com uma gráfica com dinheiro movimentado de caixa 2 custou R$ 1,785 milhão, valor superior ao oficialmente declarado da campanha eleitoral. Tiveram os sigilos bancários quebrados por imposição da Justiça Eleitoral o prefeito Walace Guimarães, o vice-prefeito Wilton Coelho, o Wiltinho, o ex-presidente do DAE (Departamento de Água e Esgoto), Evandro Gustavo Pontes da Silva, o secretário de finanças Mauro Sabatini Filho, o secretário de Comunicação, Eduardo Balbino Ferreira e as empresas M. Sabatini 7 Cia. LTDA-ME, Líder Com. E Serviços de Telefonia LTDA., E.G.P da Silva-ME e ME Produção de Vídeo. 

Por meio da assessoria de imprensa, o prefeito Walace Guimarães informou que aguarda a decisão da Justiça e considerou previsível o parecer ministerial.

RAFAEL COSTA
Da Reportagem Diário de Cuiabá