DEPOIMENTO - Caixa nega desvio de R$ 200 mi no VLT

Apesar da negativa do superintendente da Caixa Econômica Federal em Mato Grosso, Carlos Pereira, deputados não ficaram satisfeitos e apontam negligência 

O superintendente da Caixa Econômica Federal em Mato Grosso, Carlos Pereira, garantiu em depoimento à CPI das Obras da Copa, que todos os pagamentos feitos ao Consórcio VLT Cuiabá ocorreram de acordo com as medições e o andamento da obra, sem nenhuma irregularidade. Ele admitiu ainda um débito de R$ 20 milhões com a empresa responsável pela obra. Pereira informou que já foi pago o valor equivalente a 71% da obra, enquanto 73% dos trabalhos foram efetuados. Questionado sobre uma auditoria realizado pelo Estado que constatou um desvio de R$ 200 milhões na execução das obras, Pereira disse que a Caixa tem um contrato com o Estado e este com as fornecedoras. “Se as obra são executadas e concluídas, são pagas”, afirmou o superintendente. “A única exceção diz respeito ao material rodante, que tinha especificações no contrato, mas que tinham garantias e já foram entregues”, explicou durante depoimento, que ocorreu na manhã de ontem (28). 

Pereira negou também qualquer pressão política para liberação dos recursos. “Há naturalmente uma pressão pelo desejo de se fazer rápido pelo que a obra representa para Cuiabá e pela situação da Copa do Mundo”. O depoimento não agradou os parlamentares e o deputado Wilson Santos (PSDB), líder do governo, considerou ruim a oitiva. Segundo o parlamentar, a instituição bancária, apesar de ser um órgão sério e exigente em suas avaliações técnicas, mas com as obras da Copa do Mundo em Cuiabá foi um fiasco. 

“A sociedade tinha a esperança de que a Caixa não colocasse as suas impressões digitais e denunciasse o superfaturamento das obras, em função da péssima qualidade das obras do VLT dos COTs de Cuiabá e Várzea Grande, dos viadutos e das trincheiras”, afirmou Santos. 


Para o presidente da CPI, Oscar Bezerra (PSB), a Caixa Econômica deveria ter maior rigor na fiscalização. Para ele é visível as irregularidades em todas as obras executadas para a Copa do Mundo. “No VLT, nas trincheiras e nos viadutos. Mas mesmo diante dessas irregularidades, elas têm anuência da Caixa Econômica. Isso é preocupante. Precisamos compreender quais foram os critérios usados pela Caixa para aprová-las sem consistência”, analisou Bezerra. 

Outro auditor do Estado também foi ouvido ontem pelos parlamentares. Marcelo Zavan afirmou aos parlamentares da CPI que os auditores não tiveram acesso aos relatórios da Planservi. Entretanto, os relatórios de 2014 foram constatados várias irregularidades. “Os relatórios apontavam fissuras, dilatação no viaduto da Sefaz, irregularidades nas obras do viaduto da UFMT e da MT-040, no Tijucal”, observou Zavan. A CPI deliberou e aprovou a convocação de mais testemunhas. São eles: o coordenador de Projetos do consórcio Planservi-Sodotécnica VLT Cuiabá, Felipe Nascimento Fernandes; a coordenadora de Obras do consórcio Planservi-Sodotécnica VLT Cuiabá, Gaziela Voigt; o coordenador-geral do consórcio Planservi-Sodotécnica VLT Cuiabá, Robertson Ruas Baganha. Hoje novas oitivas serão realizadas e prestarão depoimentos o gerente Filial, da gerência executiva do governo, Manoel Tereza Pereira dos Santos e o professor da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Luiz Miguel de Miranda.

ALLINE MARQUES
Da Reportagem Diário de Cuiabá