PERSONA NON GRATA - Protesto marca visita de Cunha em MT

Centenas de mato-grossenses ocuparam o saguão da Assembleia Legislativa para protestar contra o presidente da Câmara dos Deputados

Em meio aos protestos de sindicatos, movimentos estudantis e entidades de classes contra a aprovação do Projeto de Lei 4.330 que autoriza a terceirização em toda a cadeia produtiva das empresas, a Câmara dos Deputados realizou na tarde de sexta-feira (24) uma audiência pública na sede da Assembleia Legislativa para discutir propostas para a aprovação de uma reforma política. 

Os manifestantes hostilizavam a figura do presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), classificando-o de homofóbico e de articular no Congresso Nacional a aprovação de projetos de lei contrários aos interesses dos trabalhadores. 

Com bandeiras em defesa das causas homossexuais, contrariedade à redução da maioridade penal e em defesa do MST (movimento dos sem-terra), os manifestantes foram impedidos pela Polícia Militar de entrar nas galerias do Legislativo para acompanhar a audiência. 

Em meio à confusão, o estudante Gabriel Henrique Carmo e Silva, 19, vice-presidente da AMES (Associação Mato-Grossense dos Estudantes Secundaristas) tentou subir a escada que dava acesso à galeria e foi contido por policiais militares. O empurra-empurra levou a ter a camisa rasgada, o que lhe gerou indignação. “Estão reprimindo a juventude. Estamos sendo barrados de assistir a uma audiência pública em um lugar que deveria ser público”, disse. 

O estudante Rafael Rodrigues também esteve presente para protestar contra a redução da maioridade penal. “Nós somos impedidos de participar de um evento público. A redução da maioridade será a banalização da prisão dos jovens que moram em periferias”. 

Em seguida, pregando a defesa das causas homossexuais, estudantes universitárias trocavam beijos e carícias entre si na frente de policiais militares. 

Com forte aparato policial, o que levou policiais da Rotam a permanecerem infiltrados em auditórios do Legislativo, a audiência pública contou com a participação de deputados estaduais e deputados federais de Mato Grosso. O presidente do diretório estadual do PSB, prefeito de Cuiabá, Mauro Mendes, também esteve presente. 

Em discurso na tribuna da Assembleia Legislativa para exposição de propostas em relação à reforma política, o deputado Eduardo Cunha saiu em defesa do Projeto de Lei 4.330 que trata da terceirização de serviços e negou que seja prejudicial aos trabalhadores. 

“Desafio alguém provar que estamos infringindo regras da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). O que existe são muitos trabalhadores usados como massa de manobra para defender interesses alheios”, disse. 

O peemedebista ainda defendeu na plataforma da reforma política a manutenção do financiamento privado de campanha. No entanto, defende critérios diferentes ao modelo atual bastante criticado por analistas políticos. 

“Defendo que as doações sejam feitas diretamente aos partidos políticos. Além disso, empresas que tem contratos firmados com a União não poderão doar aos candidatos da esfera estadual. O mesmo critério valendo aos Estados e municípios”. 

Questionado a respeito do financiamento público de campanha, Cunha rebateu e ressaltou que dificilmente deve ser aprovada pelo Congresso Nacional, pois beneficia um único partido. “Essa é uma modalidade de financiamento de campanha defendida exclusivamente pelo PT. Como é o partido que atualmente detém forte controle da máquina pública, tem mais condição do que qualquer outro partido para seguir essa modalidade de investimento”. 

Outro tema debatido foi o pacto federativo que prevê mudanças da distribuição do bolo tributário. Cunha recebeu de prefeitos, vereadores e parlamentares propostas para que os municípios sejam mais contemplados com a arrecadação de impostos. 

RAFAEL COSTA
Da Reportagem Diário de Cuiabá