TRANSPORTE COLETIVO - Maio, mês de greve

Tal como aconteceu em anos anteriores, motoristas e donos de empresas de transporte não chegam a um acordo

Um mês de negociações salariais não adiantaram e por isso os 2.500 profissionais do transporte coletivo, dos quais 1.800 motoristas, resolveram cruzar os braços em protesto grevista desde a meia-noite desta quinta-feira (28), informou à reportagem o presidente do sindicato dos Motoristas e Trabalhadores do Transporte Coletivo (STETT/CR), Ledevino Conceição, em entrevista na sede do sindicato ao fim da tarde de quarta-feira (27). 

Com isso, pelo menos 345 mil usuários (segundo o STU; 400 mil, segundo o STETT/CR) terão sua rotina duramente alterada durante todo o dia de hoje. Isso apesar da liminar da desembargadora Maria Beatriz Teodoro Gomes, do Tribunal Regional do Trabalho, exigindo a manutenção de 70% do sistema em operação nos horários de pico. “Nas condições da desembargadora, não haveria nem mesmo greve”, argumenta o sindicalista Conceição. Vão descumprir a liminar, presidente? “Não, vamos tentar cumprir o que foi determinado dentro de nossas possibilidades”, diz. 

Conceição explicou também que a categoria por ele representada iniciou as negociações pedindo 20% de reajuste salarial, mas foi reconsiderando as contrapropostas oferecidas pelo STU e, a partir daí, chegou-se a um piso de R$ 2 mil (11% de aumento sobre o salário atual, de R$ 1.800) para os motoristas. 

Rodada de negociação vai, rodada vem e os sindicatos patronal e dos funcionários não se resolviam quanto à aplicação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor, de 8,32%, em todos os itens de reivindicações (como queriam os chefes) ou aceitar uma tabela diferenciada para cada exigência (como queriam os trabalhadores). O resultado já foi dito. 

Para que a paralisação iniciada hoje tenha fim, pelo menos até agora os motoristas aceitam os R$ 2 mil, mais um aumento no ticket alimentação dos atuais R$ 100 para R$ 150 para toda a categoria, além da comissão dos motoristas passar dos R$ 230 de hoje para R$ 250. “E o oferecido pelas empresas nem é tão distante assim, mas eles resolveram passar tudo para o ano que vem”, continuou conceição. 

“Eles querem R$ 2 mil para os motoristas, mas só 8,5% de aumento sobre o salário dos demais trabalhadores, ticket alimentação de R$ 120 e comissão de R$ 240, o problema é que, além de ser menos, é tudo para janeiro de 2016”. Os trabalhadores querem os novos valores e índices para já os próximos 30 dias. 

CONTRAPROPOSTA -- A diretoria do STU informou à reportagem por telefone que a proposta apresentada foi: “de R$ 1.800 o salário passaria a ser de R$ 2 mil de imediato. O aumento sobre a comissão é que aplicaria o INPC de 8,4% em janeiro de 2016, mas o aumento de salário, repetimos, é imediato”. 

Porém, a diretoria admite que outras exigências, como o ticket refeição, teria metade do aumento em agosto e a outra parte somente em janeiro do ano que vem. 

A justificativa? “A atual tarifa em vigor está defasada com relação ao aumento de todos os insumos e aos próprios salários pagos hoje. É em dezembro que o conselho se reúne para discutir o ajuste e tudo, inclusive os salários dos trabalhadores, são colocados na planilha”. 

Rodivaldo Ribeiro
Da Reportagem Diário de Cuiabá