JANTAR - Taques discutirá filiação com Aécio

O encontro deve acontecer na próxima semana em Brasília e pode definir o futuro político-partidário do governador de Mato Grosso

O governador Pedro Taques (PDT) tem um jantar programado nos próximos dias com o senador mineiro e candidato derrotado à Presidência da República, Aécio Neves, para discutir uma possível filiação ao PSDB. 

Após o entendimento firmado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de que a aplicação da lei de fidelidade partidária que pune com perda de mandato quem muda de partido não tem validade aos detentores de cargos majoritários que são prefeitos, governadores, senadores e presidente da República, pois viola a soberania popular, Taques já admite publicamente que vai mudar de partido. 

O desentendimento com o PDT começou em fevereiro quando o presidente do diretório estadual e deputado estadual Zeca Viana buscou viabilizar sua candidatura à presidência da Assembleia Legislativa, porém, foi fritado nos bastidores por conta de uma articulação do Palácio Paiaguás que levou a condição de chefe do Legislativo para o biênio 2015/2016 o deputado estadual Guilherme Maluf (PSDB) com Ondonir Bortolini, o Nininho (PR), para primeiro secretário-geral. 

Além disso, Taques já havia sinalizado seu descontentamento com a direção nacional do PDT, comandada pelo ex-ministro do Trabalho e Emprego, Carlos Luppi, pela manutenção do partido na base aliada do governo federal mesmo diante de escândalos de desvio de dinheiro como o da Petrobras que veio à tona com a Operação Lava Jato da Polícia Federal. 

O senador mineiro Aécio Neves mantém boa relação com Taques desde a época em que ambos atuaram juntos no Senado. Ambos faziam oposição à presidente Dilma Rousseff (PT). Mesmo pertencendo ao PDT, Taques apoiou o tucano nos dois turnos da eleição presidencial de 2014. 

Apesar da simpatia com os tucanos, uma parte da cúpula do PSDB entende que seria mais prudente a Taques encaminhar sua filiação ao PSB. Isso porque a legenda está carente de líderes políticos desde a morte do ex-governador de Pernambuco, Eduardo Campos, em um trágico acidente aéreo no dia 13 de agosto. 

Embora tenha concorrido à presidência da República pelo PSB, a ex-ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, está dedicada ao seu projeto de fundação da Rede Sustentabilidade, partido que adotará como bandeira o lema do desenvolvimento sustentável. 

Além disso, a aproximação nacional do PSDB com o PSB no plano nacional facilitaria até mesmo o projeto de inserir Taques em uma futura eleição majoritária, seja como candidato a Presidente da República ou vice-presidente da República. PSDB e PSB constroem uma aproximação para as eleições de 2018 que começou a ser costurada no segundo turno da eleição presidencial de 2014. Herdeiro político de Eduardo Campos, o governador de Pernambuco Paulo Câmara (PSB) e a viúva Renata Campos manifestaram apoio ao projeto presidencial de Aécio Neves. Em São Paulo, o PSB detém a vice-governadoria com Márcio Campos, substituto imediato do governador Geraldo Alckmin (PSDB). A aproximação de tucanos e socialistas está tão intensa que o PSDB avalia até mesmo apoiar em 2016 a candidatura da senadora Marta Suplicy a prefeitura de São Paulo, que deixou o PT após desentendimentos com a direção nacional petista.

RAFAEL COSTA
Da Reportagem Diário de Cuiabá