SEFAZ - Viaduto receberá escoras

Blocos de fundações (sapatas) da obra de arte do VLT estão fora dos padrões técnicos e receberão camadas adicionais de concreto e aço 

O viaduto da Sefaz receberá escoras e terá de passar por uma ampla reconstrução em pontos críticos de sua estrutura antes de voltar a ser utilizado. Do contrário, há risco de desabamento. 

De acordo com o Tribunal de Contas, a situação está descrita em um laudo técnico produzido a pedido do Consórcio VLT Cuiabá-Várzea Grande, responsável pela obra. 

Inaugurado há pouco mais de seis meses, o viaduto está totalmente interditado desde o início de agosto, após a descoberta de fissuras em suas juntas de dilatação. 

Após 15 dias de análise, o Consórcio VLT anunciou que haveria necessidade de uma "reestruturação" com prazo estimado de 120 dias. À ocasião, porém, não foram divulgados detalhes do diagnóstico. 

Produzido pela empresa paulista Outec Engenharia, o laudo entregue ao TCE aponta inadequações consideradas "graves". 

Os blocos de fundações (sapatas) estão fora dos padrões da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e deverão receber camadas adicionais de concreto e aço para que atinjam a altura mínima determinada. 

Na estrutura chamada de caixão (em formato de Y, onde os pilares se encaixam ao viaduto), a armadura de aço utilizada soma apenas 60% do necessário -195 centímetros cúbicos de ferragem, quando exigência seria de 330 centímetros cúbicos. 

O laudo recomenda que seja feito reforço com fibra de carbono e cordoalhas protendidas, mas diz que a estrutura atual, sem o tráfego de veículos, é suficiente. Ou seja: se não for usado, o viaduto não cai. 

Mesmo assim, o TCE determinou a colocação de escoras. De acordo com o conselheiro Antônio Joaquim, é grande a sensação de insegurança no local. 

A falta de informações conclusivas sobre esta obra está causando insegurança na população cuiabana, principalmente daqueles que trafegam por baixo do viaduto, disse o conselheiro. 

O tribunal homologou ontem uma medida cautelar que determina que Secopa contrate, em 15 dias, uma empresa especializada independente para produzir laudos de segurança sobre as obras de todos os viadutos, trincheiras e também do Aeroporto Marechal Rondon. 

O que o TCE quer é um laudo independente já que não houve transparência nas informações que a Secopa vinha repassando a este Tribunal, disse o relator. 

Esses laudos têm que ser entregues ao TCE em 30 (viaduto da Sefaz e trincheira Santa Rosa) e 60 dias. 

O governo tem que entender a gravidade da situação. É preciso dar tranquilidade às pessoas, que não podem conviver com informações sobre o risco de desabamento de obras, afirmou Joaquim. 

AUDITORIA 

Ontem, em nota, o governador Silval Barbosa anunciou que fará auditoria em todas as obras da Copa para, segundo ele, cobrar as garantias existentes nos contratos e licitações. 

Não daremos ‘aceite’ em obras se o parecer apontar falta de qualidade conforme a proposta original, anunciou.

RODRIGO VARGAS
Da Reportagem Diário de Cuiabá