O Ministério Público Federal abriu um procedimento preparatório para investigar a denúncia de que a direção dos Correios em Mato Grosso teria usado sua estrutura para fazer campanha política em favor da presidente Dilma Rousseff (PT) e candidatos aliados.
A denúncia veio a público no final do primeiro turno da campanha, quando o sindicato dos funcionários dos Correios protocolou no Tribunal Regional Eleitoral a denúncia de que o diretor regional da estatal, Nilton do Nascimento, havia utilizado um cadastro oficial para enviar cartas aos funcionários pedindo voto.
“Considerando a notícia de que o diretor regional dos Correios em MT, Nilton do Nascimento, teria se utilizado do cadastro da empresa para enviar correspondência com propaganda eleitoral para os cargos de governador, senador, deputado federal e estadual, correspondência esta que teria tido custo menor que o de mercado e teria sido entregue com máxima prioridade”, escreveu o procurador regional eleitoral, Douglas Guilherme Fernandes.
No final de setembro, Nascimento enviou cartas aos funcionários pedindo voto para Dilma Rousseff e candidatos do PT e PR em Mato Grosso. “Pedi seu voto em 2010 e conquistamos muito com isso, por isso volto a pedir seu voto”, escreveu Nascimento. “Agora o Brasil precisa avançar mais e somente o governo Dilma [...] poderá ampliar os programas sociais e econômicos e fazer o melhor para sua gente”, escreveu.
Além de Dilma, a carta citava ainda os candidatos Lúdio Cabral (a governador), Ademir Brunetto (deputado estadual), Ságuas Moraes (deputado federal) e Wellington Fagundes (senador). À exceção deste último, que é do PR, todos os outros são filiados ao PT.
Conforme o sindicato, as cartas foram encaminhadas aos trabalhadores nas agências onde estão lotados, com preço de postagem abaixo do previsto para o tipo de correspondência. “Ele usou o banco de dados dos Correios para saber onde cada funcionário atua. Além disso, uma correspondência deste tipo custa R$ 1,30 e ele pagou R$ 0,60”, disse o presidente do sindicato, Edmar Leite.
Durante o primeiro turno da campanha presidencial, a oposição denunciou o uso dos Correios em favor de Dilma e de Fernando Pimentel (PT) em Minas Gerais. Um vídeo divulgado pelo jornal O Estado de São Paulo mostra uma reunião em que o deputado estadual Durval Ângelo (PT/MG) reconhece que o bom desempenho da presidente em Minas tem “o dedo forte dos petistas dos Correios”.
A assessoria de imprensa dos Correios em Mato Grosso negou que tenha havido uso de infraestrutura pública para envio das cartas. “Foram enviadas apenas 670 malas diretas locais e estaduais, para pessoas conhecidas de Nilton do Nascimento”, explicou a assessoria, por meio de nota. A assessoria informou também que o envio “ocorreu na condição de cidadão”, com a postagem paga com dinheiro próprio. “O preço de cada unidade variou de R$ 0,77 (estadual) e R$ 0,72 (local)”.
Fonte: Reportagem Diário de Cuiabá
