SERVIDOR E APOSENTADO - Categorias que mais devem

Salário em dia e instrução não reduziram risco da inadimplência

Servidores públicos e aposentados da capital e de mais sete municípios do Estado são os que mais extrapolaram o orçamento e acumularam volume de dívidas que chega a comprometer mais de 60% da renda mensal. As informações fazem parte de uma pesquisa realizada durante o mutirão de combate ao superendividamento, realizado pelo Procon/MT, em março desse ano, na Capital. 

No mutirão, os servidores do órgão aplicaram um questionário a 326 superindividados em Cuiabá e também estendido aos Procons municipais de Alto Taquari, Cáceres, Cláudia, Diamantino, Jauru, Juara e Tangará da Serra. Desse universo, pouco mais de 40 disserem ser servidores públicos e cerca de 30, se apresentaram como aposentados. Outro dado da pesquisa, divulgada ontem, mostrou que a maior parte dos superindividados é mulher, tem entre 25 e 34 anos, rendimento acima de R$ 2 mil e quase 60% deles, possuem o nível médio ou superior. Ou seja, o perfil dos superindividados apontado na pesquisa, mostra consumidores com fonte de renda fixa mensal, instrução e rendimento acima da média do país. Os que se disseram desempregados, somaram 15 pessoas, o que em um ranking, seria apenas a 5ª categoria de ocupação entre os entrevistados. 

Dos 326 entrevistados, 92% devem até R$ 26 mil, 82% não estão em dia com os pagamentos e por isso, o mesmo percentual está com restrições para acesso a novos financiamentos/crédito, estão com nomes negativados. 

Como explica a superintendente do Procon/MT, Gisela Simona Viana, o objetivo do estudo foi o de conhecer um pouco mais sobre os consumidores que estão na situação de endividamento e de superendividamento. “Os dados servirão para subsidiar ações do Procon, especialmente às atividades voltadas à prevenção e à educação para o consumo. Hoje, o superendividamento é um dos principais problemas que afetam as famílias brasileiras. Por isso, é importante conhecer quem é o consumidor endividado, para que os Procons desenvolvam ações específicas para esse público”, explica. Ainda entre os 326 entrevistados, 100% deles disseram que procuram o órgão para resolver o problema. 

RESULTADOS - Segundo a pesquisa, o maior índice de endividamento está entre os consumidores que têm 2º grau completo, somando 115 pessoas, ou 35% do total de entrevistados. Também é significativo o número de entrevistados que têm curso superior completo, 71 pessoas, ou 22% do total. 

Questionados sobre a causa do endividamento, 87 pessoas (27%) disseram que se endividaram porque ficaram desempregadas; 69 pessoas (21%) disseram que gastaram mais do que ganham, 40 pessoas (12%) afirmam que o endividamento foi causado por doença, 25 pessoas (8%) por divórcio/separação, 11 pessoas (3%) disseram que o motivo foi acidente e sete pessoas (2%) declararam que o motivo foi morte. Um número expressivo de entrevistados (87 pessoas, 27%) apontam, no entanto, outras causas para o endividamento. Dentre as principais estão a cobrança indevida ou valor abusivo das prestações, motivo declarado por 11 entrevistados. Também é expressivo o número de pessoas que dizem que a causa da dívida são empréstimos (de nomes para realização de compras ou de dinheiro) para familiares ou inquilinos. No total, oito pessoas afirmam ser esse o motivo de suas dívidas. Também foram listados como causas do endividamento gastos inesperados, problemas familiares, fechamento/falência de empresa, investimento, falta de planejamento, viagem internacional, clonagem, entre outros. 

Questionados sobre para quem o consumidor deve, a maioria dos entrevistados, 145 pessoas (44%), disse que deve para bancos e 56 pessoas (17%) para lojas. Do total dos entrevistados, 107 pessoas (33%) disseram que devem para outros credores, como telefonia celular (20 pessoas), energia elétrica (18 pessoas), água e esgoto (15 pessoas). Também foram citados credores como loja de varejo, cartão de crédito, plano de saúde, faculdade, TV a cabo, entre outros. 

Questionados sobre qual é o valor mensal da dívida, ou seja, o comprometimento da renda, 227 entrevistados, o que corresponde a 70% do total da amostra, comprometem até 50% de sua renda com a dívida e 99 pessoas, ou seja, 30% do total dos entrevistados comprometem mais de 50% de sua renda para pagar a dívida. 

A PESQUISA - Os questionários foram aplicados de 9 a 13 de março, durante o Mutirão de Combate ao Superendividamento, por amostragem, com consumidores que compareceram ao órgão para participar da ação e renegociar seus débitos. No mesmo período, a entrevista foi aplicada para os consumidores dos outros sete municípios citados, por meio dos respectivos Procons que se dispuseram a colaborar com a pesquisa. 

MARIANNA PERES
Da Editoria Diário de Cuiabá